Braga: Arcebispo considera que incerteza atual «retira tranquilidade» aos portugueses
D. Jorge Ortiga comentou incêndios na região centro e o roubo de material militar em Tancos
Braga, 08 jul 2017 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga considera que é preciso “dar tranquilidade” às vítimas do incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande e qualificou como “incompreensível” o roubo de material de guerra nos Paióis Nacionais de Tancos.
“Tudo retira o ambiente de tranquilidade que procuramos viver. Tem de haver outra solicitude, outra resposta mais imediata e não abusar dos inquéritos”, disse D. Jorge Ortiga em entrevista à Agência ECCLESIA, pelos seus 50 anos de ordenação sacerdotal.
O arcebispo primaz mostra-se surpreendido com o roubo do de material de guerra dos Paióis Nacionais de Tancos, em Santarém, que permitiu aos assaltantes levar explosivos, munições e granadas.
A falta de informação também preocupa o prelado: “Num dia dizem que foi uma determinada quantidade, noutro dizem outra”.
D. Jorge Ortiga frisa que estes acontecimentos vão “adiando a tranquilidade” das pessoas.
“Parece que ninguém é responsável. Não vamos andar à caça às bruxas, mas o povo português necessita de ter tranquilidade”, observou.
Outro acontecimento analisado foi o fogo que afetou, principalmente, os concelhos de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pêra, provocando 64 mortes e mais de 200 feridos, além de ter atingido 90 casas e 25 empresas.
D. Jorge Ortiga, anterior presidente Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, foi o primeiro bispo português a solidarizar-se com as vítimas, na noite de 17 para 18 de junho, através da rede social Twitter.
“Tem-se discutido demais, parece que tem havido alguns inquéritos, digamos a mais, onde a discussão acontece mas não as decisões”, analisou, admitindo, no entanto, que é preciso “ter calma” antes de determinar medidas concretas.
Segundo o prelado, neste momento, “é necessário agir” em relação à situação das populações.
“Não será muito fácil, mas era necessário começar a dar tranquilidade àquelas pessoas que ali estão”, realçou.
Os recursos económicos que já existem “não chegam para tudo”, pelo que o arcebispo de Braga reforça a necessidade de “ponderar e agir”, ver o que é “prioritário e começar a intervir”, em particular nas 400 habitações, que “não vão ser feitas do dia para a noite”.
Neste contexto, não tem “dúvida absolutamente nenhuma” de que é preciso apurar responsabilidades.
“É preciso definir uma política sobre os incêndios” e não apenas na época em que eles acontecem, porque afirmar que os proprietários “são obrigados a ter as matas sempre limpas é inútil e perder tempo”, devido à falta de meios.
O arcebispo de Braga propõe iniciativas “de âmbito municipal, cooperativas”, sublinhando que depois “a biomassa poderia ser reutilizada”.
A Agência ECCLESIA conversou com D. Jorge Ortiga pelos seus 50 anos de ordenação sacerdotal, numa entrevista que vai ser emitida pelas 13h30 deste domingo, no programa ‘70x7’, na RTP 2.
‘No ouro do sacerdócio, a renovação da arquidiocese. Arcebispo de Braga em bodas de ouro sacerdotais’ é o lema das comemorações que vão começar com ordenações diaconais a 9 de julho e se encerram com ordenações presbiterais uma semana depois.
PR/CB
Diocese de Braga