Foi no dia 11 de Dezembro de 1955 que o então Bispo da Diocese de Viseu, D. José da Cruz Moreira Pinto, presidiu à bênção da capela do Seminário das Missões. São 50 anos de serviço missionário na Diocese de Viseu.
Rezam as crónicas que esse dia foi todo um acontecimento. O seminário nunca tinha brilhado tanto, com bandeiras, cores, música e a solenidade do pontifical presidido pelo Sr. Bispo. Esta cerimónia foi participada pelos representantes do Instituto vindos de Itália e da vizinha Espanha. Viseu tinha finalmente o seu Seminário das Missões e os Combonianos em Portugal a sua casa mãe.
A construção da capela, aliás como todo o edifício do Seminário, era o resultado do “arregaçar das mangas” de todos os irmãos, padres missionários e mais de 100 seminaristas a frequentar o seminário nesses anos. Aqui não somente se pregava nas paróquias e estudava mas também se trabalhava nos andaimes de madeira com as “mangas arregaçadas”. Foram várias as vezes que os seminaristas interromperam os seus estudos para pôr cobro a alguma emergência na construção da obra: descarregar uma camioneta de tijolo ou cimento, ou ainda ajudar a cobrir os tectos para evitar a ameaça da chuva. Era a pobreza dos começos…
Esse dia da inauguração solene do Seminário das Missões ficou na história comboniana em Portugal, com tudo o que o tornou possível. Os trabalhos, à boa maneira comboniana, duraram até ao último momento, com o P. Alfredo Bellini a terminar a pintura da capela durante a noite que antecedeu a inauguração e os operários a colocarem, durante a madrugada, as últimas peças de mármore da balaustrada.
Amigos e benfeitores
Mas tudo não teria sido possível sem o apoio de inúmeros amigos e benfeitores. Uma das iniciativas mais famosas e bem sucedidas foi o peditório de pinheiros para a construção do seminário. “Um pinheirinho só”, era o lema do P. Ângelo La Salandra. Cada um dava segundo a sua generosidade, mas a simplicidade do missionário vencia os corações de muitos, que generosamente davam mais que um e lhes deixavam escolher os pinheiros nas matas. Alguns acabavam por ficar admirados com as suas escolhas, já que ele não se ficava pelos pinheirinhos de que falava mas escolhia os melhores que via: “Pinheirinhos em cima, no cocuruto”, argumentava ele, “mas gordinhos em baixo, no tronco.”
A habilidade a toda a prova e o espírito de iniciativa do P. Ângelo ajudaram a sair das muitas dificuldades que iam aparecendo. Com o consentimento do director da cadeia, ele conseguiu arregimentar os presos para o transporte dos pinheiros e comprometer até o chefe da maçonaria local, empreiteiro conhecido, no apoio à construção do seminário.
Campanha de requalificação da capela
Hoje, passados 50 anos, queremos agradecer a todos os que ajudaram a que este seminário fosse um marco e um espaço importante para toda a cidade de Viseu e toda a região das Beiras. São milhares os amigos, colaboradores e benfeitores que ao longo destes 50 anos nunca deixaram de ter para connosco, Missionários Combonianos, gestos de verdadeira amizade, simpatia e espírito missionário. A todos os queremos recordar neste dia de alegria, na eucaristia de acção de graças que vamos celebrar no dia 11 de Dezembro, domingo, pelas 10.30h na nossa capela do Seminário.
Aproveitando esta efeméride, estamos também a lançar uma campanha para a renovação da pintura interior, instalação eléctrica e aquecimento da nossa capela. Passaram 50 anos e pouco foi feito em termos de conservação e requalificação da mesma capela. Por isso, queremos contar convosco, tal como à 50 anos, talvez não com pinheirinhos, mas com uns “pincéizinhos”, umas “latinhas de tinta” e umas “lampadazinhas” para que este espaço público ao serviço das populações das Beiras possa continuar a ser um centro de animação missionária do nosso povo beirão. Bem hajam!
Texto elaborado por Pe. Filipe Resende com base em Pp. Isaías da Rocha Pereira e Manuel Augusto L. Ferreira: “Andarilhos da Missão – 50 anos dos MCCJ em Portugal”, 1997
