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Capelães hospitalares não são sinónimo de morte

Agência Ecclesia
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No Dia Mundial do Doente, um olhar sobre a experiência do Pe. Fernando Sampaio, capelão em Santa Maria

A Igreja Católica sempre procurou estar presente junto dos doentes, em casa e nos hospitais, destacando-se neste último caso o serviço de assistência religiosa que no nosso país é desempenhado por vários sacerdotes. A espiritualidade, acredita, pode ter uma função terapêutica de relevo. Neste Dia Mundial do Doente, o tema merece uma abordagem particular pelo Pe. Fernando Sampaio, capelão no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, o qual recebeu no ano de 2008 o prémio «Mons. Vítor Feytor Pinto – Terapia e espiritualidade». Ao Programa Ecclesia, fala da sua experiência neste campo, lamentando que a presença dos capelães seja associada à morte iminente. Esta situação está ainda ligada à interpretação do Sacramento da Unção dos Doentes, que muitos católicos ainda conhecem como “Extrema Unção” e ligam aos momentos finais da vida. Isto apesar de, como lembra o Pe. Sampaio, o Concílio Vaticano II ter feito uma “alteração substancial de conceitos”. Quando passa pelos corredores do Hospital, há quem olhe para o capelão como o “prenúncio da morte”, lembrando mesmo o caso de uma senhora judia com quem estava a conversar e que ao perceber que estava a falar com um padre perguntou se estava a morrer. “As pessoas olham para o padre nesta perspectiva do anúncio da própria morte, o que acaba por atrapalhar todo o trabalho pastoral”, assume. Neste contexto, lamenta que se insista em chamar o sacerdote quando um doente está inconsciente ou numa situação extrema, “uma forma errónea de praticar a própria fé”. A Unção dos Doentes deve ser pedida pelo próprio, numa manifestação de fé que é eminentemente comunitária e não uma prática de piedade pessoal, uma espécie de “passaporte para a morte”. O Pe. Fernando Sampaio alerta ainda para qualquer espécie de “acantonamento” que possa acontecer nas celebrações comunitárias deste Sacramento, lembrando que “as pessoas não estão doentes uma vez por ano”.


Dia Mundial do Doente