Capelanias hospitalares: Igreja espera recuo do Governo Octávio Carmo 28 de Setembro de 2007, às 00:49 ... D. Carlos Azevedo fala de perspectivas de mudança quanto à assistência espiritual e religiosa A Igreja Católica espera que o Governo recue no projecto de regulamentação da assistência espiritual e religiosa nos hospitais do Sistema Nacional de Saúde. Após a reunião da Coordenação Nacional das Capelanias Hospitalares (CNCH), que decorreu esta Quarta-feira em Fátima, e das manifestações de descontentamento dos doentes que foram tornadas públicas na comunicação social, abrem-se agora perspectivas de mudança. D. Carlos Azevedo, secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, revela à Agência ECCLESIA que "houve um contacto do Governo, para nos dizer que vão tomar a sério e rever esta questão das capelanias hospitalares". Este responsável considera que, para já, "resta esperar, sem baixar a nossa posição", que passa por uma condenação do actual projecto de lei. "Desejamos que este seja um projecto a abandonar e se retomem os laços do diálogo, para que a regulamentação a criar corresponda ao valor que tem o acompanhamento espiritual dos doentes, no respeito pela liberdade religiosa e pela tradição portuguesa neste campo", aponta o Bispo Auxiliar de Lisboa. D. José Alves presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, que acompanha mais de perto esta questão, solicitou uma audiência com o Ministro da Saúde, a fim de procurar caminhos de superação do impasse criado, que poderão passar pela revisão do primeiro projecto de regulamento. Para o secretário da CEP, o facto de os doentes se terem manifestado contra eventuais alterações indica que "se há alguém que está a pensar num paÃs irreal, estas circunstâncias servem para mostrar que as leis devem ser feitas para um paÃs concreto, não para aquele que alguns querem". A CNCH deixou crÃticas ao actual projecto de regulamentação da assistência espiritual e religiosa nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde. O projecto, se aprovado, "colocar-nos-ia na cauda da Europa, porque cria condições para amputar a dimensão espiritual e religiosa da prestação de cuidados de Saúde". A Igreja Católica critica o facto do novo diploma obrigar a que a assistência tenha de ser pedida pelos doentes por escrito e assinada. Por seu lado, os médicos não podem recomendar assistência religiosa e espiritual aos doentes. Um processo que se arrasta Já na I Assembleia Nacional de Capelães, Assistentes Espirituais e Animadores Pastorais Hospitalares, realizada a 27 de Novembro de 2006, se pedia que o estatuto desta dimensão religiosa e espiritual dos cuidados e dos seus prestadores fosse "claramente definida legislativamente, de modo a evitar as situações de recusa ou omissão por parte das Instituições Hospitalares". Quase um ano depois, é o o segundo projecto de regulamentação da assistência espiritual e religiosa nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, apresentado pelo Ministério da Saúde, que está no centro da contestação. Uma primeira formulação do texto obtivera já a concordância das Capelanias Hospitalares, que agora se mostram surpreendida com as "novas" propostas apresentadas pelo Ministério. O primeiro texto, por outro lado, mereceu também o parecer favorável da Comissão da Liberdade Religiosa (CLR), em Abril deste ano. A CLR recomenda que a assistência religiosa nos hospitais seja um direito fundamental dos doentes e reitera também que os doentes devem ser informados desse direito. No passado dia 21 de Junho, a CNCH deixara votos de que "o processo em curso de regulamentação do acompanhamento espiritual e religioso nos estabelecimentos do SNS possa em breve ser concluÃdo". Três meses depois, o impasse mantém-se. Relativamente ao actual projecto de regulamentação, a Conferência Episcopal Portuguesa enviou ao Ministério da Saúde, há perto de dois meses, o parecer requerido e ainda aguarda resposta. No dia 11 de Julho, o Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) manifestou a sua discordância relativamente a alguns pontos do projecto de decreto de lei para regulamentar a assistência religiosa nos hospitais, apresentado pelo governo. Em declarações à ECCLESIA, o secretário da CEP, D. Carlos Azevedo, classificou o projecto como "inconcebÃvel" e "inaceitável", por "não atender aos direitos do doente e não estar de acordo com tudo aquilo que aqui tem sido avançado neste sector", sobretudo através do trabalho da Coordenação Nacional das Capelanias Hospitalares. A Igreja critica o facto do novo diploma obrigar a que a assistência tenha de ser pedida pelos doentes por escrito e assinada. Por seu lado, os médicos não podem recomendar assistência religiosa e espiritual aos doentes. A CEP espera que o projecto "seja revisto" e não avance nos actuais moldes. NotÃcias relacionadas Coordenação Nacional das Capelanias Hospitalares assume posição Carta aos Capelães Hospitalares da Diocese do Porto Pastoral da saúde Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...