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Cardeal-Patriarca pede compromissos perante crise económica e na educação

D. José Policarpo
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Mensagem de Natal de D. José Policarpo pede coragem e austeridade perante tempos difíceis

D. José Policarpo, Cardeal-Patriarca de Lisboa lembrou na sua Mensagem de Natal deste ano “as famílias em dificuldades económicas, agravadas com a situação que o mundo está a viver”, bem como as recentes polémicas envolvendo Governo e professores e o actual debate sobre a eutanásia. Segundo este responsável, “é preciso deixar reacender a esperança, perceber que viver é lutar. Em crises deste género, os que por elas são atingidos não podem considerar-se apenas vítimas, mas protagonistas da solução”. “Abramos o coração à solidariedade, estejamos atentos ao nosso próximo, isto é, ao nosso vizinho. E se as dificuldades exigirem de nós austeridade, saibamos que ela pode ser convite à coragem e experiência de liberdade”, indica a mensagem. D. José Policarpo recorda ainda que “nas últimas semanas os acontecimentos levaram-nos a fixar a nossa atenção num grupo de pessoas cuja missão é decisiva para o futuro de Portugal: os professores, os formadores das nossas crianças e dos nossos jovens”. “Que ninguém ouse transformar este sofrimento em simples arma de luta política, porque na batalha da educação os únicos vencedores têm de ser os vossos filhos. Para estes esta batalha não é política ou sindical: é a batalha da vida, que eles só vencerão com a generosidade, a competência e a coragem de todos nós”, apela. Numa referência indirecta ao debate sobre a eutanásia na sociedade portuguesa, o Patriarca de Lisboa deixa uma palavra particular aos “doentes, sobretudo aqueles para quem o sofrimento se torna tão pesado que lhes tira a alegria de viver”. Admitindo que “alguns desistem mesmo de viver e suplicam que os ajudem a morrer”, D. José Policarpo defende que “a vida é uma batalha a ser travada com coragem e generosidade”, pelo que deixa um conselho: “Peçam-nos que vos ajudemos a vencer essa batalha, peçam-nos para vos ajudar a viver, mitigando, se possível, o vosso sofrimento”. “Ninguém tem o direito de ajudar os outros a morrer. A coragem da última etapa da vida pode resumir e salvar essa vida”, assinala. Sentido cristão O Cardeal-Patriarca de Lisboa assinala que “o Natal é uma festa cristã”, “o nascimento de Jesus Cristo, que os cristãos adoram como Filho de Deus feito Homem”. “A beleza da sua mensagem, radicada numa arreigada tradição cultural, faz com que a celebração do Natal envolva muito mais pessoas do que aquelas que, em celebração de fé, hão-de participar na celebração litúrgica”, assinala. Para D. José Policarpo, Jesus “ encerra a certeza de que a plenitude humana é possível e que ela se exprime na profundidade de um diálogo de conhecimento e de amor entre Deus e o homem. Jesus Cristo confirma historicamente que Deus existe, que nos ama e que não desiste de viver connosco e de nos conduzir à vida”. O Patriarca de Lisboa frisa que “a modéstia, a incompreensão, a rejeição e perseguição, acompanharam Jesus do nascimento até à morte” e que “na vivência do sofrimento, Jesus dá-nos o testemunho da grandeza com que vive a vida”. “Ele sabe que o sofrimento é a sementeira dolorosa donde brotará a vida renovada. Procurou transmitir essa mensagem, exigente mas libertadora, aos seus seguidores: quem O quiser seguir, tenha a coragem de abraçar a sua própria cruz, isto é, a experiência do sofrimento”, aponta. “Na vida do homem, o sofrimento tanto pode destruir como libertar. Essa é a ousadia da mensagem cristã”, diz ainda. Por tudo isto, diz D. José Policarpo, “nesta noite de paz e de esperança tenho particularmente no coração aqueles que sofrem”. “Para eles o Natal não pode ser apenas a festa das luzes e das prendas, mas o fazer essa experiência maravilhosa de ver brotar da própria experiência da dor a serenidade e a paz”, assegura. “Desejo a todos um Santo Natal. Que ninguém esqueça que ele é a festa de Jesus Cristo, a esperança que nos trouxe o sabermos que «um Menino nasceu para nós», que Ele está à nossa porta e bate (cf. Ap 3,20), à espera que abramos o coração à Sua mensagem de esperança”, conclui na mensagem o Cardeal-Patriarca de Lisboa.


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