Caridade é mais do que simples assistência
Bispo do Funchal presidiu a concelebração na festa de S. Vicente de Paulo
“ A verdadeira caridade” não se traduz pela simples “beneficência”ou “assistência”, mas tem em conta a “dignidade e os direitos do pobre”, como a praticou São Vicente de Paulo, lembrou o Bispo do Funchal na Missa que assinalou o aniversário da morte do fundador dos Padres Vicentinos e das Filhas da Caridade.
“Apóstolos ímpares da caridade” foi como D. António Carrilho identificou a acção apostólica de São Vicente de Paulo e de Santa Luísa de Marillac que, no século XVII, em França, protagonizaram como ninguém a “justiça-caridade” do Evangelho a favor dos mais pobres e fundaram Congregações que ainda pontificam na sociedade actual como exemplo a seguir.
“Num mundo globalizado como o nosso cada um é chamado a empenhar-se na causa da justiça, como valor evangélico fundamental”, referiu o Bispo do Funchal na homilia da Missa do 350.º aniversário da morte daqueles dois santos franceses, a 27 de Setembro.
“A caridade-justiça conduz-nos a um conjunto de atitudes e acções contrárias às daqueles que gravitam em torno dos interesses económicos, sobrepondo-os ao incomparável valor do ser humano que em todas as circunstâncias deve ser respeitado na sua dignidade fundamental, como pessoa que é”, sublinhou. O carisma de S. Vicente de Paulo “oferece-nos a lógica da partilha, da solidariedade, da comunhão, da dignidade humana, dos direitos do pobre”, acrescentou.
Muitos apelidaram a sua acção de “realismo da caridade porque abarcava o ser humano na sua totalidade”. A sua actualidade traduz-se ainda pela proposta que faz para o exercício da “verdadeira caridade”, que é mais do que a “simples assistência ou beneficência”.
O lema vicentino da “caridade-justiça” continua premente no nosso tempo: “caridade no sentido de que ela só é verdadeira se for efectiva, solidária e interpeladora”, de tal modo que “nem a injustiça prevaleça sobre a caridade, nem a caridade sobre a justiça porque, como ele dizia, Deus nos concede a graça de enternecer os nossos corações em favor dos miseráveis e de crer que ao socorre-los estamos a fazer justiça”, afirmou.
Com o Bispo do Funchal, na Sé, concelebraram vários sacerdotes e participaram elementos da família Vicentina na nossa Diocese (Padres da Missão, Filhas da Caridade, Conferências Vicentinas e Juventude Mariana Vicentina).
«Jornal da Madeira»
Vicentinos