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Cáritas desafiada a reforçar dimensão diocesana no Porto

Voz Portucalense
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Entre as instituições vocacionadas para a dimensão social e de apoio às populações mais carenciadas, a Diocese do Porto possui duas entidades que prestam um relevante serviço: a Obra Diocesana de Promoção Social e a Cáritas Diocesana. Está claro que a dimensão e acção sócio-caritativa da Igreja se estende como rede solidária pelos numerosos e valiosos Centros sociais paroquiais e de outras instituições, que prestam à comunidade relevantes serviços, em que a generosidade e o voluntariado se coadunam com os necessários apoios estatais. Não pode também ser esquecida o trabalho benemérito das Conferências de S. Vicente de Paulo, de que as famílias necessitadas tanto beneficia e a que os poderes públicos tanto esquecem. Ou a Obra da Rua ou Casas do Gaiato, que recolhem e educam crianças abandonadas e que têm vindo a receber mais ataques burocráticos por parte dos organismos oficiais do que o necessário reconhecimento do seu trabalho em benefício da sociedade Da Obra Diocesana demos conta da criação de uma nova estrutura de apoio aos seus serviços, situada em Ermesinde, e recentemente inaugurada pelo Bispo do Porto. Damos hoje especial relevo a outra Obra prestimosa: a Caritas diocesana, nas palavras do Presidente da sua Direcção, que apela justamente ao alargamento e reforço da sua dimensão diocesana: Dimensão diocesana, nacional e internacional A Caritas é, essencialmente, uma instituição diocesana. Ela é, ou pelo menos deve ser, a expressão oficial e pública da solicitude caritativa da igreja local reunida à volta do seu bispo, que se concretiza essencialmente, mas não só, na partilha de bens. Mas este carácter originariamente diocesano não significa, no entanto, reduzir os horizontes da sua acção e da sua preocupação social aos limites da diocese. Há um vínculo eclesial que liga as Caritas de todas as dioceses de um país e mesmo de todo o mundo. Por isso é que elas se integram na chamada Caritas Portuguesa e na Caritas Internacional, expressões visíveis e institucionais desse vínculo nacional e universal. A Caritas do Porto nunca recusou este vínculo, assumindo como suas as grandes iniciativas da Caritas Portuguesa, particularmente aquelas que acontecem por altura da ocorrência de grandes catástrofes que, pelo seu carácter mediático, tornam mais visível o testemunho e a solicitude da Igreja para com aqueles que, em qualquer tempo e lugar, sofrem mais profundamente os efeitos dessas tragédias. Mas a Caritas tem procurado não esquecer a sua dimensão original que é diocesana, não apenas na sua instituição canónica, mas também na sua actividade territorial. No entanto, por razões que se prendem com a localização da sua sede, esta actividade favorece particularmente as comunidades do Porto e Grande Porto. Os principais apoios da Caritas Esta situação é visível, por exemplo, nas ajudas técnicas que a Caritas presta aos doentes socialmente desfavorecidos. A Instituição tinha, no final de 2004, um stok de 314 cadeiras de rodas e de 278 camas articuladas emprestadas, mas a maior parte delas estavam distribuídas pelos concelhos do Porto, Vila Nova de Gaia e Matosinhos. A filosofia seguida nesta matéria é a do empréstimo e a do retorno, quando essas ajudas deixam de ser necessárias. Mas trata-se de um serviço que tende a crescer cada vez mais, de modo que a aquisição de material ortopédico consome uma parcela cada vez mais significativa da receita. Ora, esta ajuda é aplicada, em cerca de 90%, em três grandes concelhos da diocese: Porto, Gaia e Matosinhos. Fazer da Caritas uma instituição verdadeiramente diocesana, no seu carácter institucional e na sua actividade, é pois um objectivo prioritário a atingir. A colaboração dos párocos terá, certamente, um papel decisivo na consecução deste objectivo. Resposta aos apelos Neste contexto, deve dizer-se que a Caritas Diocesana tem procurado dar resposta positiva, na medida das suas possibilidades, a todos os apelos que lhe são lançados pelos párocos, na sequência das preocupações e dos problemas sociais que as sua comunidades têm dificuldade em resolver por si próprias. As respostas da Caritas, mesmo que modestas, têm, para além dos objectivos imediatos em causa, um outro objectivo essencial: o de serem expressão visível do espírito de partilha da comunidade cristã diocesana. É este mesmo espírito de solidariedade que tem justificado as parcerias que a Caritas vem estabelecendo com outras instituições ou grupos, diocesanos ou não, que trabalham na área da pastoral social e caritativa. Acolhimento e atendimento social O mesmo se diga de outra área importante da acção da Caritas Diocesana: referimo-nos ao serviço de acolhimento e atendimento social. Em 2004, o número de atendimentos foi de 1541, um número impressionante se tivermos em conta a reduzida capacidade humana de os fazer. Também neste caso, os concelhos do Porto, com 69%, Gondomar, com 9,6% e Gaia, com 6,6%, ocuparam praticamente este serviço, o que significa que o seu carácter diocesano, entendido este numa perspectiva territorial, está longe de ser uma realidade. O mesmo se pode dizer do serviço de roupeiro. Em 2004, foram 222 as pessoas que recorreram a este serviço da Caritas pela primeira vez, e 389 as que já conheciam e utilizavam este serviço, prestado com todo o zelo e carinho por um dedicado grupo de voluntárias. Também aqui, a grande maioria dos que procuram a Caritas vem da área do Porto e do Grande Porto Da mesma área vêm ainda os que mais beneficiam do serviço de distribuição de bens alimentares. Apelo á dimensão diocesana Diga-se, no entanto, que, nas actuais circunstâncias, e de momento, pouco mais se pode fazer, mesmo tendo em conta vários outros apoios pontuais e de necessidade urgente que faculta. A sede da Caritas está situada no Porto, e pese embora a importância que tem na história da instituição, não tem espaço físico para mais serviços. E, sobretudo, não tem condições financeiras para aumentar o número de técnicos na área do serviço social, que é apenas de um. A concretização do carácter diocesano da Caritas, se por este carácter entendermos a extensão territorial das suas intervenções e o crescimento dos seus serviços, levanta pois muitos desafios que só poderão ser vencidos com o empenhamento da própria comunidade diocesana. (AJS)


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