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Cáritas Internacional pronuncia-se sobre encíclica de Bento XVI

Rui Martins
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Organização católica destaca nova visão da economia, da política e da sociedade

Para a Cáritas Internacional, o destaque que a nova encíclica de Bento XVI coloca na justiça e no bem comum oferece uma nova visão da economia, da política e da sociedade baseada na responsabilidade partilhada do cuidado pela humanidade e pelo ambiente.

"A encíclica apresenta passos concretos que os dirigentes políticos deveriam estudar, a fim de nos recolocarmos no caminho de um verdadeiro desenvolvimento. A encíclica lembra-nos que a finança e os negócios podem favorecer toda a humanidade, e não apenas os accionistas. Um regresso a um modelo equitativo baseado na responsabilidade comum é primordial para terminar com a diferença entre aqueles que têm muito e aqueles que nada têm", refere a Secretária-Geral da instituição.

O novo documento do Papa retoma a encíclica Populorum Progressio, de Paulo VI, mais de 40 anos após a sua publicação, à luz da globalização e do colapso da economia de mercado desregulamentada que ocorreu em 2008.

Lesley-Anne Knight declarou que "a Caritas in veritate realça a maneira como a procura cega de lucros, em detrimento da ética, se tornou ruinosa para as pessoas e para o planeta. A encíclica surge num momento crucial para o desenvolvimento, dado que estão em risco décadas de progresso. O número de pessoas que passam fome aumentou dos cem milhões para mais de um bilhão o ano passado."

"A crise expôs falhas do sistema geradas por uma especulação imprudente em proveito de um pequeno número de pessoas e à custa de milhões de famílias pobres. Mas a crise oferece uma oportunidade única de fazer com que a globalização seja proveitosa para a maioria", indicou.

"A Caritas apoia os esforços do Papa Bento XVI para melhorar a ajuda. Numa altura em que a cimeira do G8 se realiza em L'Aquila [Itália], os países ricos, como a França e a Itália, estão a reduzir a ajuda aos mais pobres. Apelamos a esses estados que mantenham a promessa de reservar 0,7 porcento do seu Produto Interno Bruto para a ajuda ao exterior e para fazerem com que esse auxílio beneficie mais os desfavorecidos do que o doador", acrescenta.

A Secretária-Geral da Cáritas Internacional diz ainda que "o desafio do Papa para a reforma das Nações Unidas e das instituições económicas chega no momento oportuno. As Nações Unidas, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial devem poder garantir aos países pobres uma participação mais importante nos processos de decisão."

"Bento XVI fala de uma ‘responsabilidade solene' de proteger o ambiente. Esperamos que os líderes mundiais escutem os seus apelos para um consenso internacional e que os poluidores tenham que pagar os custos no âmbito das negociações que decorrerão em Copenhaga, no próximo mês de Dezembro. Como afirma o Papa, se queremos proteger os recursos, os habitantes dos países ricos têm que mudar o seu estilo de vida e os seus consumos irresponsáveis", sublinha.

A Cáritas apoia a afirmação de que "a verdadeira caridade se interessa pelas causas da pobreza e pelos meios empregados para a ultrapassar".



Bento XVI