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Cáritas lidera apoio às vítimas dos incêndios de 2005

Nuno Rosário Fernandes
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A Cáritas Portuguesa vai gastar mais de 674 mil euros, cerca de 135 mil contos, no apoio às vítimas dos incêndios de 2005. A maior parte dessa verba vai ser aplicada na construção e reconstrução de 27 casas, totalmente ou parcialmente, destruídas pelo fogo no passado verão, nas dioceses de Coimbra, Guarda, Leiria e Vila Real. Para esta última diocese a Cáritas adjudicou, esta terça feira, “a construção de uma única casa em Vila Pouca de Aguiar”, informou à Agência ECCLESIA Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa. Segundo Eugénio Fonseca “ainda estão por construir a maior parte das casas que a Cáritas se disponibilizou apoiar financeiramente” porque há um processo que “depende da capacidade das respectivas câmaras municipais e da prioridade que estas atribuem a este problema”, salientou. A construção destas novas habitações para as vítimas dos incêndios implica um protocolo de cooperação entre as edilidades camarárias e as respectivas Cáritas diocesanas, num processo que após aprovação e adjudicação “fica nas mãos do empreiteiro a quem se adjudicou a construção”, explicou aquele responsável. Recentemente o presidente desta organização católica esteve no concelho de Pombal onde testemunhou a entrega de cinco novas habitações a famílias prejudicadas. O processo de construção destas casas decorreu em apenas três meses, uma celeridade que “demonstrou um grande empenho, da Câmara Municipal de Pombal, em resolver o problema daquelas pessoas, na maior parte idosas”, disse Eugénio Fonseca. Um facto que se justifica por “uma instituição da sociedade civil não estar sujeita às teias da burocracia, como o estão muitos serviços públicos”, referiu. Maior verba para Leiria A diocese de Leiria foi, sem dúvida alguma, a mais fustigada pelos incêndios no Verão passado e, por isso, vai ser aquela onde a Cáritas irá aplicar 585.659 euros para a construção e restauro de 16 casas, a maior verba destinada nesta campanha de solidariedade. Na diocese de Coimbra vão ser gastos 285.300 euros para 9 casas, e na da Guarda 88.897, em 2 casas. Recorde-se que a Cáritas recolheu numa campanha realizada em colaboração com a Rádio Renascença para este efeito 271.151, 37 euros, ao que se acrescenta ainda uma verba remanescente de campanhas anteriores. O apoio dado às vítimas dos incêndios por esta organização católica “privilegia as primeiras habitações”, disse Eugénio Fonseca explicando que, para chegar a esta cooperação “é preciso conhecer os rendimentos das pessoas em causa, saber se, efectivamente, estão em situação de carência económica, para que seja dada prioridade àquelas que com os seus meios próprios não conseguirão resolver o problema que lhe foi criado, e que por isso têm direito de ser ressarcidas dos problemas que tiveram”. As verbas que o Estado coloca à disposição destas vítimas, através do Instituto Nacional da Habitação (INH) não ultrapassam os 12.500 euros, o equivalente a 2.500 contos, uma quantia que Eugénio Fonseca considera que “por família não é suficiente para construir uma casa”. “Há mecanismos de solidariedade que têm de funcionar para aqueles que estão numa situação de desprotecção social maior – continua - mas também acho que todos os outros, por via das seguradoras ou do recurso a um crédito bancário mais bonificado, também não deverão ficar lesados”. Por isso, acrescenta: “daí a necessidade de avançarmos com esta contribuição que é uma contribuição do povo português”. Atrasos em Vide Na freguesia de Vide, outra das localidades também afectada pelos incêndios, a Cáritas da Guarda assinou um protocolo com a Câmara Municipal de Seia para a construção de 2 casas. Esta foi uma situação que demorou algum tempo mas, disse à Agência ECCLESIA a presidente da Cáritas Diocesana da Guarda, Isabel Varandas, “já terá sido iniciada a sua construção no passado dia 20 de Dezembro”. Segundo esta responsável, naquela freguesia “há outros dois casos necessitados que em parceria com a junta de freguesia ainda estão em fase de orçamentação, e outros quatro para os quais foi pedida a colaboração da Cáritas”, informou. Casas construídas e equipadas As mais de 50 pessoas que viram as chamas do fogo destruir as suas casas e que agora vão receber com a ajuda da Cáritas e das entidades oficiais envolvidas, um novo espaço para habitar, recebem não só a casa construída mas, também equipada. “Eu peço sempre que não se entregue nenhuma casa sem estar devidamente equipada porque depois as pessoas ficam com as paredes e poderão não ter possibilidade de a equipar”, esclareceu Eugénio Fonseca. “Se têm possibilidade de o fazer, que o façam de imediato mas, se não o têm, nós, pelos nossos meios, e também pela solidariedade, queremos construir a casa e equipá-la, dando também a possibilidade às pessoas de poderem escolher o equipamento que querem, e alguns utensílios domésticos para as suas habitações, porque – conclui – isto também tem a ver com a valorização da dignidade de cada um”.


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