Nacional

Carmelo de Coimbra já chora pela partida da Irmã Lúcia

Octávio Carmo
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A Comunidade do Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, foi a casa da Irmã Lúcia desde 1948, onde as Irmãs Carmelitas partilharam intimamente os vários momentos da vida e da morte da Vidente de Fátima. Após mais de quatro décadas de presença, o Carmelo prepara-se, agora, para ver partir a sua “menina”, num ambiente que já é marcado pela saudade. A prioresa do Carmelo de Coimbra, Irmã Maria Celina de Jesus, revela, em entrevista exclusiva ao programa ECCESIA, que, por causa da fé, viu nesta presença da Irmã Lúcia “um relicário”, que não desaparecerá com a trasladação para o Santuário de Fátima. Após a sua morte, em 13 de Fevereiro de 2005, foi cumprido o desejo da Irmã Lúcia que, em comunicação entregue pessoalmente ao Bispo de Coimbra, disse: “Sem contradizer o que já tinha escrito, para dar este gosto às Irmãs, já que manifestaram este desejo, gostava que após a minha morte, o meu corpo ficasse sepultado no claustro deste Mosteiro (de Santa Teresa – Coimbra), pelo menos um ano, antes de ser levado para a Basílica de Fátima”. Para a Irmã Maria Celina, “a forma de comunicar com ela vai ser diferente, mas a sua presença vai ser contínua”. “Este ano que passou, tão rápido, deixou a impressão que ela não desapareceu, que continua connosco”, acrescenta. A cela da Irmã Lúcia continuará a ser um local de visita obrigatória. Ali foi colocada uma imagem do Imaculado Coração de Maria, num espaço que “será sempre a cela da Irmã Lúcia, que a ocupou depois de sair do Noviciado”. Relativamente às manifestações populares que ocorreram após a morte da Vidente e que se prevêem para o próximo Domingo, a prioresa cita a própria Irmã Lúcia para encontrar uma justificação: “É por causa de Nossa Senhora”. Esta religiosa lamenta que haja tanta gente “à procura do que ainda não se disse” sobre Fátima ou a Irmã Lúcia, esquecendo-se de viver “aquilo que já foi revelado, o essencial que está ali”. "Ela nunca se apresentou como Vidente e dizia que a comunidade Carmelita já vivia, naturalmente, a Mensagem de Fátima", prossegue. A devoção mariana era muito forte e revelava-se nos promenores mais inesperados: "ela não gostava de tirar fotografias, mas com Nossa Senhora deixava", relata a prioresa. Beatificação A Irmã Lúcia sempre recebeu, em vida, um grande número de cartas e de pedidos de oração. Agora, após a sua morte, não deixam de crescer os pedidos de intercessão e de graças que, se resultarem num milagre, podem abrir caminho ao processo de beatificação da Irmã Lúcia. A prioresa do Carmelo de Coimbra – comunidade que terá de ser consultada pelo Bispo de Coimbra caso se decida pedir a dispensa do tempo de espera de 5 anos para dar início ao processo – lembra que as pessoas não pedem milagres por causa da beatificação da Irmã Lúcia, “mas porque precisam”. “É provável que se venha a abrir o processo canónico e, para isso, é necessário um milagre, mas quem pede a intercessão da Irmã Lúcia nem pensa nisso, pede porque precisa”, refere. O número de cartas, flores e velas enviadas ao Carmelo aumentou, significativamente, ao longo dos últimos dias, preparando a despedida da Vidente. A Irmã Maria Celina assegura que a comunidade “respeita a devoção das pessoas” e não coloca nenhuma entrave a estas manifestações, que vão enchendo por completo o Carmelo. Relativamente ao próximo Domingo, a prioresa admite que será difícil evitar as lágrimas “numa nova despedida”. Esta entrevista e outros depoimentos farão parte da emissão do programa "70x7" no próximo Domigno, dedicado à Irmã Lúcia (09h30, n'A Dois).


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