Casamento entre homossexuais é «ousadia»
Dimensão moral do matrimónio católico só resistirá à cultura contemporânea com a descoberta «apaixonada» de Cristo
A ideia de que o casamento deixou de implicar a “união de um homem e de uma mulher” resulta de uma “ousadia” causada pela mudança radical da “natureza”, considera D. José Policarpo.
“Estamos a viver um momento de ousadia quando se quer decidir que, afinal, o casamento já não é, necessariamente, a união de um homem e de uma mulher”, afirmou o Cardeal Patriarca numa intervenção proferida esta Quinta-feira no congresso “CPM – Um caminho para (re)evangelizar”, que decorre até Sábado em Fátima.
Para a mentalidade actual, “a natureza e a sua lei natural não são um absoluto e o homem, que experimentou alterá-las, começa a acreditar que a poderá mudá-las radicalmente”, constatou o prelado.
O ateísmo, a exaltação do indivíduo e da sua liberdade em detrimento do bem comum, a consideração dos princípios éticos como ameaças à autonomia pessoal e o desvanecimento das escolhas definitivas em favor da transitoriedade contribuem, segundo D. José Policarpo, para que o casamento comece a ser apresentado como um encontro “que se acaba quando se esgota o amor”.
O modelo de vida transmitido pelas “sabedorias profanas” sublinha o prazer e o consumo, ao mesmo tempo que exclui o “sentido do sofrimento”, salientou o Cardeal Patriarca de Lisboa, que reconhece não ser fácil anunciar a mensagem e os valores cristãos “a pessoas que têm esta concepção da felicidade”.
“A convivência de pessoas de sexo diferente é sempre carregada de um dinamismo positivo; é uma busca da comunhão de amor. Só o egoísmo e auto-procura matam a dimensão positiva da sexualidade”, frisou D. José Policarpo.
O prelado entende que a Igreja está “muito longe” de tomar consciência das proporções das mudanças culturais na sociedade e, por arrastamento, nas famílias, devido à “inércia”, a “uma mentalidade de beato possuidor” e ao “medo do que é novo”.
O Cardeal Patriarca está igualmente convicto de que as características morais do casamento católico só resistirão ao confronto com a cultura contemporânea se os noivos e esposos fizerem uma descoberta “apaixonada” de Cristo.
“Ajudemos os jovens cristãos a escolherem noivos ou noivas que possam fazer com eles esta caminhada. Expressões como ‘ele(a) não se importa, respeita, não se opõe’, não chegam”, realçou o prelado, que acrescentou: “As núpcias cristas supõem sempre uma intimidade e uma cumplicidade com Jesus Cristo, que só é plena se for do casal”.
D. José Policarpo acredita que “cada família cristã é mais uma pedra sólida na construção da Igreja” e pediu aos participantes no congresso promovido pela Federação Internacional dos Centros de Preparação para o Matrimónio (CPM) para investirem o seu tempo no acompanhamento pessoal dos casais.
O programa do encontro, que termina este Sábado, inclui conferências de Anabela e Domingos Bento, responsáveis pelo CPM na diocese de Portalegre-Castelo Branco, Cón. António Janela e casal Ana e Vasco Varela.
O CPM é um movimento da Igreja que tem como objectivo dedicar-se à preparação dos noivos para aquele sacramento, procurando promover sessões “baseadas na revisão de vida e testemunho vivencial” e na “reflexão e no diálogo conjugais”.
CPM