Se qualquer tempo e qualquer dia são oportunos para a celebração do sacramento da Penitência, a Quaresma é, sem dúvida, o tempo mais propício. Por isso, a Igreja insiste que se recomende aos fiéis que, neste tempo, se aproximem do Sacramento (confissão pascal) e aos sacerdotes pede que, neste tempo, estejam mais disponíveis para o exercício do ministério da reconciliação, ampliando os horários das confissões. De entre os três ritos propostos no Ritual para a Celebração do sacramento da Reconciliação, na Quaresma, aconselha-se o segundo rito (celebração da reconciliação de vários penitentes, com confissão e absolvição individual). Com efeito, este rito exprime melhor o carácter eclesial do sacramento da Penitência: a convocação e a reunião da assembleia, o cantar e o rezar em comum, a escuta comunitária da Palavra de Deus e a expressão da conversão e da graça da reconciliação que alcança a comunidade reunida. Contudo, mesmo na Quaresma, haverá lugar para o primeiro rito (a celebração da reconciliação de um só penitente) que continuará a ser mais frequente.
A celebração da reconciliação de vários penitentes, com confissão e absolvição individual procura conjugar o valor de uma celebração comunitária com a manutenção do encontro pessoal do penitente com o ministro da Igreja. Este modelo põe problemas ao nível da realização, nomeadamente porque exige que se disponha de um número suficiente de ministros para atender os penitentes em tempo razoável. A Igreja, contudo, continua a recomendar esta solução. Assim o faz na referida carta circular: “É muito conveniente que o Sacramento da Penitência se celebre, durante o tempo da Quaresma, segundo o rito para reconciliar vários penitentes com confissão e absolvição individual, tal como vem no Ritual Romano...” (CCD, Carta circular de 16 de Janeiro de 1988 sobre a preparação e celebração das festas pascais, n. 15).
Apresentamos aqui algumas observações em ordem à preparação da celebração da Penitência segundo este rito, de modo a não frustrar as justas expectativas dos fiéis:
– A celebração deverá ter hora de começar e terminar, previamente anunciada aos fiéis (não devendo ultrapassar uma hora).
Nº de Caracteres ver na 1ª Pág?SIM (sim: com visto; não: sem visto)Data: – Haja sacerdotes em número suficiente (mais vale pecar por excesso que por defeito), para atender convenientemente os fiéis. Os sacerdotes integrar?se?ão na celebração desde o princípio, ocupando os seus lugares no presbitério, deslocando-se para os lugares das confissões no momento oportuno.
– Caso a afluência dos fiéis seja tão extraordinária que não permita que a celebração se realize em tempo razoável, ou optar-se-á pelo primeiro rito ou concluir-se-á a celebração (2º rito) em hora conveniente e os sacerdotes atenderão os restantes fiéis no fim de cada celebração.
– Educar-se-ão os fiéis a declarar estritamente os seus pecados ao sacerdote, a receber a absolvição (com a imposição das mãos) e a penitência (satisfação). Outros aspectos da vida espiritual que queiram expor deverão ser deixados para outras oportunidades.
– Dever-se-á dar grande relevo à proclamação da Palavra de Deus, escolhendo as leituras apropriadas, dentre as propostas pelo Ritual (normalmente 3 leituras e salmo responsorial; se se escolher apenas uma, seja do Evangelho).
– Faça-se uma homilia breve e dê-se tempo suficiente para o exame de consciência (em silêncio ou integrado na homilia ou proposto por um dos sacerdotes presentes). Nos ritos penitenciais que se seguem à homilia não se omita a confissão geral (na Quaresma de joelhos) e a oração dominical.
– Durante as confissões deverá cuidar-se do recolhimento e do sentido comunitário da celebração (evitando a dispersão dos fiéis, sobretudo dos que já se confessaram), enriquecendo o silêncio com o recurso ao canto e à leitura pausada de trechos apropriados da Sagrada Escritura.
– O canto tem, nesta forma de celebração, um papel importante. Preveja-se um cântico de entrada adequado (a não ser que se prefira o silêncio, em todo o caso, bem preparado), o salmo responsorial, a aclamação ao Evangelho (na Quaresma não se canta Aleluia), cânticos e salmos para durante as confissões e um cântico de louvor antes da bênção e despedida.
– Nas igrejas com grande afluência de fiéis para a celebração de reconciliação de um só penitente (1º rito), convém organizar um serviço de canto e de leitura da Sagrada Escritura, a fim de alimentar um ambiente de recolhimento adequado e desejável. Também se poderão oferecer aos fiéis folhetos orientadores com algum modelo de exame de consciência (preferentemente de inspiração bíblica), uma selecção de trechos bíblicos breves mas incisivos e algumas sugestões de actos de contrição (o Ritual prevê vários!).
Secretariado Diocesano da Liturgia da Diocese do Porto