A inevitavelmente esperada notícia chegou… O olímpico atleta de Deus João Paulo II, exauridas todas as forças humanas nas sucessivas maratonas de evangelização, cortou a meta do tempo, às 21h37 de Roma, no pascal dia 2 de Abril. Pedro, 1.º Vigário de Cristo, abre a porta celestial ao seu último sucessor.
E a festa principiou, porque aquele que gastou a sua vida à procura de toda a ovelha perdida, pelos montes e vales dos cinco continentes, entrou definitivamente no coração de Cristo, a Porta; aquele que acabava de morrer na terra estava transbordante de vida na Casa do Pai…
Na hora do a-Deus do Papa, com cerca de cem mil pessoas, estava rezando o terço na Praça de São Pedro. Nos intervalos dos mistérios gozosos deste 1.º Sábado de Abril, cantou-se o Ave de Fátima, com letras apropriadas em italiano. Alguém teve essa intuição, já que o Papa se sentia, particularmente desde o dia 13 de Maio de 1981 (atentado à sua vida em Roma), um cidadão espiritual de Fátima, um conterrâneo da mensagem orante e apostólica de Nossa Senhora em Fátima. Ao anúncio: «O nosso amadíssimo Papa João Paulo II regressou à Casa do Pai», irrompeu um espontâneo aplauso, seguido de comovido silêncio.
No dia anterior, nessa tarde, e à noite, passei pela Praça de São Pedro, já que está aqui mesmo ao lado da nossa Cúria Geral. Um rio de gente desaguava por lá. Era impressionante o clima de recolhimento e mesmo de oração, especialmente entre os grupos de jovens. Mostravam-se presentes, como que acompanhando o último duelo das lutas da vida, em solidariedade não apenas com o Vigário de Cristo, mas mais ainda: com uma pessoa que experimentavam ser um próximo familiar e amigo.
O interesse da comunicação social é mais que visível e impõe-se. Ontem, já havia em Roma cerca de 140 equipas de televisão e centenas de jornalistas. Os terraços aqui à volta como que foram tomados de assalto por cadeias de televisão. Centro de atenção um senhor gravemente enfermo e que acabou por falecer, sem exército nem armamento, com um território meramente simbólico e de modo algum proprietário de riquezas milionárias.
Um feliz sinal dos tempos: o interesse por um protagonista dos valores do espírito, por homem de oração e mestre espiritual, por um particular representante de Deus no mundo dos humanos… As câmaras dos meios globais de comunicação atentas a quem não possui prata nem ouro, mas tem mensagens de ressurreição e vida para oferecer.
Um feliz caso típico de quando morrer significa entrar na Vida (usando a expressão de Teresa do Menino Jesus). Agora atingiu o máximo de “Totus tuus” e, portanto, é «imensamente nosso». Assim, a Igreja não se sente órfã mas confiante. Nem sequer precisamos de lhe recordar que interceda por nós junto de Deus.