Instituições de Solidariedade esperam mudanças com o próximo Governo
A Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) defende a constituição de uma Plataforma Social nacional que possa ser reconhecida como parceiro no diálogo e concertação social.
A ideia foi avançada após o colóquio “A Economia Social”, organizado na semana passada em Lisboa. Nesse encontro, a CNIS vincou que a economia social “tem de estar presente na definição e implementação da política europeia e nacional”, mormente na aplicação da Estratégia de Lisboa e na política de agenda social.
A economia social foi apresentada como sendo “um mecanismo intrínseco de desenvolvimento sustentado, baseado na solidariedade, igualdade e aceitação dos princípios de um mercado social livre e regulado”.
O presidente da CNIS, Pe. Francisco Crespo, refere ao programa ECCLESIA que “as Instituições de Solidariedade são aquelas que mostram ao país como é que se faz economia social, conseguindo realizar muita acção, por vezes com poucos meios”.
“Queremos criar, cada vez mais, uma melhor qualidade, mas se não temos o mínimo indispensável para podermos sobreviver, não a poderemos manter”, alerta.
Considerando que o trabalho das Instituições de Solidariedade é “indispensável”, o Pe. Crespo espera que o próximo Governo perceba que o trabalho da CNIS “é válido e tem um carisma próprio, porque as pessoas confiam em nós mais do que no próprio Estado”.
“Eu penso que o Ministério da Solidariedade Social está bem entregue a uma pessoa conhecedora dos problemas e tem uma ligação a um ministro que esteve muito bem no antigo governo socialista”, destaca.
As esperanças para o futuro passam por um encontro no menor espaço de tempo possível, “levando já as nossas grandes preocupações e aquilo que esperamos”.
“Estamos muito cansados de andar a saltitar de pessoa para pessoa e da instabilidade que isso tem criado nas nossas Instituições”, ressalta o presidente da CNIS.
A falta de apoios e os atrasos causados pela mudança de governo estão a preocupar as Instituições, como explica o Pe. Crespo. “Numa reunião prévia que tivemos, a única coisa de que conseguimos falar foi o que já estava prometido no protocolo de 2004”, alerta.
Economia social e UE
José Leirião, representante da CNIS no Comité Económico e Social Europeu, diz é importante “ouvir a opinião da sociedade portuguesa” num momento em que a UE está a redefinir políticas e estratégias. Nesse sentido, lamenta que a questão da coesão social “tenha sido deixada cair”.
“Há uma estratégia que põe o foco na economia e está a esquecer o cidadão”, acusa.
José Costa Fernandes, presidente do Conselho Fiscal da CNIS, destaca a importância das actividades de associações que não visam o lucro, como as IPSS, junto das comunidades que servem.
“O conceito de economia social em Portugal é encarnado em Portugal pelas Instituições de Solidariedade Social”, assegura.
Este responsável lembra que o Estado se deve assumir como parceiro na concretização de objectivos sociais que também são seus. “Nós não estamos a pedir ao Estado nada que ele não deva fazer, basta ver a Constituição, que logo nos primeiros artigos define que é tarefa do Estado promover a qualidade de vida dos cidadãos”, esclarece José Costa Fernandes.
“É perfeitamente natural que Estado e sociedade civil se organizem por forma a cooperar nas tarefas que são comuns”, aponta.