Nacional

CNJP esclarece questões do mundo do trabalho e do emprego

Octávio Carmo
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A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) apresenta hoje em Braga a obra “Cidadania Activa. Desenvolvimento Justo e Sustentável”, dando seguimento à série de encontros para a promoção desta edição. O livro, da responsabilidade editorial da Cidade Nova e da própria Comissão, contém os textos preparatórios da Conferência organizada, em Maio de 2005, pelo Grupo de Trabalho permanente criado no âmbito da CNJP e de que fazem parte, além de Manuela Silva (coordenadora), Cláudio Teixeira, Deolinda Machado, Diogo Duarte, Eduarda Ribeiro, Elsa Ferreira, Isabel Roque de Oliveira, João Lourenço, Manuel Amaral, Mário Murteira e Ulisses Garrido. A divulgação desta obra em várias localidades do país faz parte do plano de acção para 2006, dando continuidade ao trabalho desenvolvido pelo grupo de reflexão sobre economia e sociedade. O objectivo é ver esta obra transformada “num instrumento de trabalho e de reflexão para os cristãos” sobre questões do mundo do trabalho e do emprego num mundo globalizado. Após ter passado por várias cidades do país, em colaboração com as Comissões diocesanas Justiça e Paz, a presidente da CNJP explica à Agência ECCLESIA que a divulgação desta obra corresponde à intenção original de “tornar o livro acessível ao maior número possível de pessoas e contribuir para a desinstalação da sociedade portuguesa, em particular dos cristãos, e motivar um outro olhar sobre a realidade, mais solidário e mais comprometido”. “O nosso objectivo é provocar uma reflexão em torno das questões que se colocam à sociedade portuguesa e ao modelo de sociedade que nós queremos construir”, aponta. Esta responsável constata que, ao longo deste esforço de divulgação, “têm aparecido pessoas muito interessadas nesta problemática e espero que eles sejam, por sua vez, elementos dinamizadores de outras reflexões”. No livro estão reunidos textos de uma reflexão colectiva partilhada numa Conferência da CNJP "Por uma cidadania activa na construção de um desenvolvimento justo e saudável" e num Seminário sobre "Os novos horizontes da inovação - Fazer da empresa um bem social". A conferência “Por uma cidadania activa na construção de um desenvolvimento justo e sustentável" viu serem contestados os efeitos perniciosos de uma globalização desregulada. “Estamos em fase de profundas transformações na economia e na sociedade, que não poderão ficar entregues, exclusivamente, à mera lógica dominante da maximização do lucro e dos interesses financeiros dos actores mais poderosos, como presentemente vem sucedendo”, assegurou a CNJP. O papel do mercado, “um elemento axial da economia contemporânea”, esteve no centro da reflexão, tendo-se considerado que o mesmo não é tudo: “o mercado é incapaz de resolver o impacto negativo das flutuações económicas; o mercado não corrige as desigualdades de rendimento ou a excessiva concentração do poder económico empresarial, antes tende a agravá-las; o mercado pode ser muito ineficiente na afectação de recursos entre as actividades que geram custos ou benefícios externos, assim como não garante a provisão de bens públicos e bens de utilidade social indispensáveis ao próprio desenvolvimento da economia e ao progresso social”. Os elementos privilegiados na reflexão apresentada pela CNJP foram a economia do conhecimento no processo de globalização em curso e sua incidência na mudança de paradigma económico-social; a importância de novas vias de regulação social, quando desaparecem, ou grandemente enfraquecem, as unidades organizativas formais; o alcance de um novo conceito de empresa como bem social e de responsabilidade social da empresa. A conferência ressaltou também a importância crescente de que se reveste uma “cidadania activa”, participante e responsável do nosso futuro colectivo. “A complexidade com que se desenvolve a economia e a sociedade e a aceleração com que ocorrem as mudanças exigem que exista, por parte dos cidadãos e cidadãs, um regular acompanhamento responsável dos processos de mudança em curso e permita uma previsão atempada de novos problemas emergentes e provisão dos meios para lhes fazer face”, defendeu a CNJP.


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