Communio et Progressio é o nome da Associação que quer ajudar jornalistas
Todos devemos saber, hoje, que o que não passa na comunicação social não existe. A afirmação, naturalmente, não é minha, mas subscrevo-a inteiramente. E, melhor do que eu, a Igreja também o sabe, e nos mais altos responsáveis e documentos recentes, aparece claramente a afirmação dessa verdade. Aliás, mesmo não me referindo a outros documentos, já desde a Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, somos seriamente questionados: a “Igreja viria a sentir-se culpável diante do seu Senhor, se ela não lançasse mão destes meios potentes que a inteligência humana torna cada dia mais aperfeiçoados” (EN 45).
Fiel ao mandato de Jesus Cristo, de levar a Boa Notícia e fazer discípulos, o uso dos meios de comunicação é cada vez mais sentido e urgente, numa cultura mediática e na era do digital, usando novas ferramentas ao serviço da nova evangelização. O Plano Pastoral da Diocese também o reclama. Lembra-o a Instrução Pastoral Aetatis Novae que, “se a Igreja deve comunicar sempre a sua mensagem, dum modo adaptado a cada época, às culturas das nações e aos vários povos, ela deve fazê-lo especialmente hoje, na e pela cultura dos novos mass media” (Ae N 8). Têm sido nessa perspectiva as mensagens dos dias mundiais da comunicação social. O próximo tem por tema: “Novas tecnologias, novas relações! Promover uma cultura de respeito, de diálogo e de amizade”. É mais um desafio ao uso inovador e criativo
Diante deste imperativo, “para fazer face às dificuldades próprias desta profissão”, são estimuladas associações, “através do estudo, do intercâmbio e do mútuo auxílio”, que ajudem a encontrar caminhos para o exercício correcto do processo comunicativo, e “proponham iniciativas a tomar para um serviço mais eficaz da humanidade” (C et P 79). Entre outras fontes, é aqui que se fundamenta a criação da Associação Communio et Progressio, entidade aprovada pelo Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, como pessoa colectiva religiosa, no dia 24 de Novembro, e registada no Governo Civil de Coimbra no dia 26. São seus objectivos “a realização de acções de apoio à cultura e aos meios de comunicação social, tendo em vista o progresso, a comunhão entre os povos e a missão evangelizadora da Igreja”. Procurando ligar os meios de comunicação existentes na Diocese - quando esta criou em tempos a AMICOR para apoio aos seus dois jornais - proporá associar igualmente as paróquias e outras comunidades, numa acção de verdadeira pastoral da comunicação na Igreja.
Perguntar-se-á em que se distingue do Secretariado Diocesano. Torna-se bem claro que o âmbito deste se prende com um sentido de coordenação, de lançamento de iniciativas gerais, de dinamizar o dia mundial, e apoiar o Serviço Diocesano de Informação; por seu lado, a associação vai mais para o terreno, em apoio aos meios já existentes, e procurar que todas as comunidades se sensibilizem para a utilização das novas tecnologias informativas, a internet e outros meios, e tentem gerar no seu seio condições para melhor abertura à comunicação, particularmente as novas gerações. Quando a Diocese sentiu necessidade de criar uma associação para os jornais de que é proprietária, os outros títulos de inspiração cristã, não pertencendo à Diocese, também se sentem Igreja, e por isso vinham reclamando uma atenção mais cuidada aos seus problemas. Como que, dando a volta por cima, a Associação Communio et Progessio, vai ao encontro do que a Igreja vem reclamando ultimamente, sendo uma experiência concreta do que se poderá tentar como pastoral da comunicação.
De sublinhar que “o trabalho dos meios de comunicação católicos não é só uma actividade complementar que se vem juntar às outras actividades da Igreja” (Ae N 17), mas tem um papel em todos os aspectos da sua missão. Bem o entende o Conselho Pontifício das Comunicações Sociais que vai realizar em Março próximo um seminário internacional, com os Bispos representantes das comissões episcopais das comunicações, professores universitários e especialistas, para um contributo em ordem a uma verdadeira pastoral da comunicação. A criação desta nossa associação é já um contributo.