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Coimbra vai ter núcleo museológico sobre a Rainha Santa

Correio de Coimbra
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Uma escola primária desactivada na freguesia de Santa Clara, em Coimbra, vai acolher este ano um núcleo museológico evocativo da figura da Rainha Santa Isabel, a padroeira da cidade. O edifício centenário, localizado ao lado do parque temático Portugal dos Pequenitos, será reabilitado para acolher o espólio doado pelo coleccionador Alfredo Bastos, constituído por mais de dois milhares de peças, iconográficas e documentais. Embora seja uma figura histórica e a padroeira de Coimbra, na cidade não existe um espaço evocativo da sua memória, além dos mosteiros de Santa Clara-a-Velha, onde se recolheu após a morte do rei D. Dinis, e de Santa-Clara, onde repousam os seus restos mortais e se evoca o culto em sua honra. Nas salas da antiga Escola Primária António Maria dos Santos, além do espólio evocativo à Rainha Santa Isabel ficará patente outro alusivo a Inês de Castro, de menores dimensões, ambas figuras históricas liga-tas à freguesia de Santa Clara. A intenção da junta de freguesia é instalar aí, ainda, um centro de convívio para idosos, e serão os próprios idosos a encarregar-se do acolhimento dos visitantes e do serviço na sala de chá aí a funcionar, revelou o seu presidente, José Simão. Recordatório, memorial ou núcleo museológico são as possibilidades de designação do espaço, que o autarca espera ver inaugurado a 4 de Julho, Dia da Cidade, a data evocativa do falecimento da Rainha Santa Isabel. Para a adaptação do edifício da escola às novas funcionalidades a autarquia já reuniu de 60 mil dos 100 mil euros necessários, e as obras deverão iniciar-se em breve. A localização ao lado do Portugal dos Pequenitos, que anualmente acolhe 500 mil visitantes, é encarada por José Simão como factor de promoção deste projecto, mas na zona também se situam os dois mosteiros de Santa-Clara e a Quinta das Lágrimas, esta última palco dos amores fatídicos de Pedro e Inês de Castro. O espólio doado por Alfredo Bastos, que englobará entre 3 a 4 mil peças alusivas às duas figuras históricas e míticas, é constituído, nomeadamente, por livros, medalhas, estatuetas, documentos, jornais, selos, cartazes, programas de festas, postais e fotografias. Entre os documentos faz parte um recibo que regista a doação de um litro de azeite à Rainha Santa, para iluminação, efectuado em 1952 pela mãe de Alfredo Bastos, como tributo pelo pedido feito para que o filho fosse aprovado num exame. “Vida e Milagres da Rainha Santa Isabel”, de 1869, a “História da Vida, Morte, Milagres e Canonização e Trasladação da Sancta Izabel, VI Rainha de Portugal”, de 1868, da autoria de Fernando Correia de Lacerda, são algumas das obras do acervo. No entanto, para Alfredo Bastos, a obra mais valiosa do espólio doado é uma colectânea de sermões, editada em 1730, e que teria feito parte da extinta biblioteca do Mosteiro de Santa Cruz. Miguel Cotrim


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