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Comissão Nacional Justiça e Paz desafia católicos portugueses a atacar as desigualdades sociais

Octávio Carmo
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Publica a carta «Um outro olhar sobre as desigualdades e a exclusão social - Um outro compromisso com um mundo mais justo e solidário»

A Comissão Nacional Justiça e Paz da Igreja Católica (CNJP) vai desafiar os portugueses a atacar as desigualdades e a exclusão social existente no nosso território, promovendo iniciativas de mudança. Na próxima sexta-feira será apresentado o documento “Um outro olhar sobre as desigualdades e a exclusão social – Um outro compromisso com um mundo mais justo e solidário”, que vem a público por ocasião do actual tempo da Quaresma. A Carta será divulgada a durante o próximo fim-de-semana, sendo apresentada à Imprensa no dia 12 de Março, pelas 12h00, na sede da Comissão, em Lisboa. A CNJP propõe aos cristãos uma reflexão sobre “a sociedade a que pertencemos, os seus problemas e as suas opções”, identificando o crescimento de fenómenos de pobreza e exclusão social, “fenómenos aceites com demasiada complacência e resignação, no pressuposto da sua inevitabilidade”, como se fossem “uma espécie de marca do destino”. O texto surge na sequência do Fórum “Globalizar a Paz. Construir um Mundo Justo”, que decorreu em Novembro de 2003. Na altura, o documento provisório de conclusões sublinhava, no plano sócio-económico, a necessidade de manter "o primado da responsabilização pública, a centralidade dos direitos dos cidadãos, a responsabilização social das empresas", a promoção de iniciativas locais e a valorização de profissões socialmente desqualificadas. A iniciativa atacou ainda a "ausência estrutural e continuada de direitos básicos" na sociedade portuguesa, também incapaz de reduzir "o fosso entre ricos e pobres". “Na sociedade contemporânea, a problemática em torno do trabalho, do seu estatuto, do lugar que assume na produção e repartição da riqueza e, de modo geral, do papel que lhe é conferido na organização da vida colectiva ganhou novos contornos, já que o trabalho assalariado e dependente se tornou num bem escasso e, do mesmo passo, a relação laboral conheceu uma acentuada perda de poder negocial dos trabalhadores, decorrente da globalização e da financeirização das economias. Por outro lado, os governos e a administração pública viram os seus meios de regulação e de intervenção fortemente condicionados pelas regras de um mercado cada vez mais aberto, competitivo e desregulado”, escreveu, para a Agência ECCLESIA, Manuela Silva. A CNJP é uma organização laical, criada em 1982, por iniciativa da Conferência Episcopal Portuguesa, no âmbito da Comissão Episcopal de Acção Social e Caritativa, actuando sob a sua própria responsabilidade, ainda que em ligação com a hierarquia da Igreja.


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