Corpo de Deus: Reposição do feriado é «um sinal de maturidade democrática», diz bispo de Setúbal
Setúbal, 27 mai 2016 (Ecclesia) – O bispo de Setúbal diz que a reposição do feriado do Corpo de Deus, assinalado esta quinta-feira, é “um sinal de maturidade democrática” e de “respeito pela diversidade”.
Numa mensagem publicada hoje pelo jornal “Notícias de Setúbal”, e deixada no final da procissão do Corpo de Deus pelas ruas da cidade, D. José Ornelas disse tratar-se de uma atitude “que é importante manter, pois de contrário põe-se em risco a harmonia e a paz de uma sociedade”.
“A unidade de um povo não se faz pela uniformidade, por pôr todos a vestir igual, a aprender pela mesma cartilha, a acreditar do mesmo modo. Passa obrigatoriamente pelo respeito e apreço das diferentes sensibilidades da sua gente e pela integração pacífica da riqueza que tal significa”, sublinhou o prelado.
Esta quinta-feira marcou o regresso do feriado (móvel) nacional do Corpo de Deus, depois de uma suspensão de quatro anos, entre 2013 e 2015, resultado de um “entendimento excecional” entre a Santa Sé e o anterior Governo português.
Para D. José Ornelas, a reposição dos feriados religiosos – também do Dia de Todos os Santos (1 de novembro) – representa “o reconhecimento e apreço pelas raízes históricas, culturais e religiosas do povo português”.
“A tradição não é um museu imóvel, é uma fonte preciosa de energia criadora de novos mundos”, aponta o responsável católico, que abordou ainda o critério económico que, na altura, norteou a suspensão dos feriados.
Segundo o prelado, “o presente e o futuro não se constroem apenas sobre uma lógica económica e do proveito imediato”.
“O sucesso e o progresso de uma sociedade e nação afirmam-se pela defesa de valores fundamentais que mobilizam pessoas, que aquecem corações, que criam objetivos e caminhos comuns. Sem isso, seremos apenas robôs e não pessoas e acabaremos sendo joguetes dos demagogos e oportunistas”, salientou.
A Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, originária do século XIII, pelo Papa Urbano IV, começou a ser celebrada em 1246 na cidade de Liège, na atual Bélgica.
Inicialmente, a celebração assumiu-se como uma resposta a determinadas posições que colocavam em causa a presença real de Cristo na Eucaristia e terá chegado a Portugal no final do século XIII, adotando progressivamente a denominação de Festa de Corpo de Deus.
A afirmação dessa festa coincidiu com o auge da sociedade de cristandade no Ocidente, a exultação popular à Eucaristia é manifestada no 60.º dia após a Páscoa e, forçosamente, numa quinta-feira, fazendo assim a união íntima com a Última Ceia de Quinta-feira Santa.
JCP
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