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Cristãos africanos promovem Festa Crioula

Manuel da Silva
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A paróquia da Buraca acolheu a XII Festa Crioula dos cristãos africanos residentes nas várias paróquias da periferia de Lisboa. Também participaram, como vem sendo hábito, cristãos de comunidades africanas da vizinha diocese de Setúbal, igualmente enriquecida pela presença religiosa de muitas famílias africanas. No domingo, 26 de Fevereiro, a convite da Capelania dos Africanos, adultos e, sobretudo, muitos jovens concentram-se ao redor de uma mesma pertença e trajectória cultural para celebrar e cantar a sua fé. Com alegria contagiante através de cânticos afinados nos vários crioulos e línguas testemunharam querer continuar a ser “carta viva de Cristo” nos bairros onde vivem, nos empregos onde trabalham e nas escolas onde estudam. Presidiu à celebração o missionário espiritano Pe. Gaudêncio Sangando que, acompanhado pelo Pe. Wandali Bavca, anima a Capelania dos Africanos de Lisboa que acompanha dezenas comunidades cristãs e organiza retiros e peregrinações. Durante o encontro Pe. Gaudêncio apelou à fidelidade da fé e à vivência espiritual da Quaresma com um compromisso pascal nas paróquias onde estão inseridos. Os imigrantes permanecem força de renovação da fé nas margens da cidade na senda da nova evangelização. Os ritos da entronização da Palavra e a procissão do ofertório foram momentos em que, através da dança protagonizada por jovens portugueses com raízes em África, se assistiu a uma liturgia assumidamente inculturada na particular expressão da fé, religiosidade e vida de um povo que peregrina, louva e serve a Deus que convida “ao deserto para falar ao coração”. Antes do termo da celebração o director da Obra Católica Portuguesa de Migrações, felicitou a paróquia da Buraca e formulou votos para que outras comunidades cristãs se abram à integração eclesial e “deixem” que os imigrantes – africanos, brasileiros, timorenses, goeses, ucranianos, entre outros – possam cantar a sua fé na própria língua e evangelizem as paróquias com as tradições recebidas nas suas igrejas de origem. Seguiu-se, pela tarde dentro, uma festa cultural onde se partilharam os farnéis, a música, as saudades da terra e a alegria de ser cristão mesmo em terra estrangeira: “Nhor Dês, nu crê Nhó mãs ki tudu cusa”!


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