Reflexão sobre a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
Acontece pela primeira vez: o texto proposto para a celebração da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos é uma iniciativa conjunta do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos (Igreja Católica) e a Comissão Fé e Constituição (Conselho Mundial das Igrejas); e as versões francesa e inglesa são também uma publicação conjunta.
Tomando como base da proposta a Primeira Carta aos Coríntios, e tendo em conta o contexto da nova situação das Igrejas na Eslováquia - agora com possibilidades de renovação e desenvolvimento - o texto pretende ajudar a reflectir e a rezar à volta de três questões: 1 - Qual é o fundamento sobre o qual se constrói a nova “existência” das igrejas? 2 - Existe um espaço de crescimento na unidade, simultâneo ao processo de crescimento das respectivas comunidades confessionais? 3 - Quais são os meios para reforçar o serviço da Igreja? E apresenta-se como uma exortação a todas as comunidades, qualquer que seja a sua situação.
No itinerário a desenvolver, o documento começa por assumir a imaturidade espiritual dos Coríntios, que, embora ricos de dons e de vida, estiolavam pela falta de unidade. As divisões não vêm tanto de discordâncias nas verdades; vêm, isso sim, das afeições aos intervenientes no progresso da comunidade. E não são eles a fazerem crescer a fé. Cabe-lhes um serviço de cooperação, “porque só Deus conta; é Ele que faz crescer”.
A humildade no serviço é uma pista segura do caminho para a unidade. Construindo sobre o único fundamento - Cristo -, podemos sustentar-nos uns aos outros e agir conforme a graça que Deus concede a cada um. Sobre o mesmo fundamento, desenvolve-se o trabalho da diversidade dos construtores, cada um conforme as suas qualidades. A diversidade, porém, é concedida para proveito comum, para o bem de todos os membros. E desse modo é que deve ser posto a render o dom recebido: construir a Igreja, construindo gestos de unidade, em direcção a Cristo.
As Igrejas são responsáveis, perante Deus, pelo anúncio do núcleo do Evangelho: a morte e ressurreição de Cristo. Mas também perante os outros, como construtores da mesma obra - maneira de aferir a condição de discípulos autênticos. Caminho seguro desta convergência é a redescoberta da identidade própria: templos de Deus, pelo Espírito, que não deixará de criar e reforçar os vínculos de unidade.
Com serenidade, descobrimos as nossas falhas de termos corrido percursos separados, contribuindo para divisões e rupturas, acabando por trabalhar mais uns contra os outros do que uns pelos outros, em virtude dos nossos egoísmos. Só percebendo que o nosso serviço começa em Cristo e se orienta para Deus, entendemos que o fundamento único da Igreja é Jesus Cristo, que o Seu Espírito é quem anima a unidade, que o plano do Pai é, no mesmo Jesus Cristo, renovar e reconciliar todas as coisas.
Pela mão de Paulo, mergulhados na realidade da Comunidade de Corinto, são oito dias de reflexões bíblicas e orações, que constituem um verdadeiro caminho de revisão de vida pessoal e comunitária, com seguros frutos de respeito e cooperação... porque regressamos ao único fundamento - Jesus Cristo.