Bispo aponta caminhos abertos pelo ensinamento moral de São Paulo em encontro com o Clero da Diocese da Guarda
“Eu preciso tornar-me cristão e tornando-me cristão preciso de, cada dia, assumir a minha vocação sacerdotal, para então disponibilizar Cristo, não só na minha palavra, na minha missão, mas disponibilizar Cristo na minha vida” disse, D. Ilídio Leandro, Bispo de Viseu, na abertura das Jornadas de Formação Permanente do Clero da Diocese da Guarda, que decorrem no Seminário da Guarda.
Perante mais de seis dezenas de padres, o Bispo de Viseu fez uma reflexão sobre a “Moral do seguimento de Cristo em S. Paulo”, adiantando que “a sociedade actual pode seguir Jesus Cristo em S. Paulo procurando-o” a partir da própria experiência do Apóstolo, que o levou “a considerar tudo como lixo, a considerar tudo como segunda opção face ao privilégio de conhecer Jesus Cristo”.
D. Ilídio Leandro referiu, ainda, que a sociedade pode seguir Jesus Cristo em S. Paulo “pela coerência que manifesta na sua doutrina”. E explicou: “o que sou deve projectar-me para o que eu afirmo. É a coerência entre o dever e o fazer, entre o ser e a relação desse ser com a vida”.
Perante a “coerência de S. Paulo”, o Bispo de Viseu acusou os cristãos actuais de serem neutros, pelo facto de “distinguirem muito entre uma prática cristã e uma vida efectiva”. E explicou: “Muitas vezes interrogamo-nos, numa igreja cheia, na missa ao Domingo, onde é que está a coerência depois durante a semana, no aspecto da vivência da Palavra de Deus ouvida ali, na relação com as pessoas, na família, no trabalho, nos valores transmitidos, duma prática social ou duma pastoral social?”. E conclui: “para mim a neutralidade está aí, na separação entre a fé e a vida”.
Em relação às jornadas, D. Manuel Felício, Bispo da Guarda disse, ao Jornal A Guarda, que elas são importantes na medida em que “é preciso fazer mais, é preciso estar mais uns com os outros, pois precisamos de partilhar critérios, de ter os mesmos critérios e, principalmente, ter disposição para os aplicar conjuntamente”.
Quanto tema das Jornadas, D. Manuel Felício justificou a escolha pelo facto de estarmos no “Ano Paulino”, mas adiantou que “mesmo que não estivéssemos no Ano Paulino, S. Paulo é uma referência fundamental para encontrarmos os caminhos de uma moral renovada”. E explicou: “Hoje não podemos ter caminhos de moral renovada se não for por S. Paulo e temos de escolher entre a ‘moral do colete de forças’ e a moral do seguimento e a moral do desabrochar de uma identidade”.
As jornadas de Formação Permanente do Clero da Diocese da Guarda continuam hoje, 29 de Janeiro, com o tratamento do tema “S. Paulo, o apaixonado de Cristo e o evangelizador”, sendo orador o padre Geraldo Morujão.