D. Manuel Pelino destaca inspiração beneditina no novo Papa D. Manuel Pelino 14 de Julho de 2005, às 12:18 ... A memória de São Bento, que a Igreja celebrou a 11 de Julho, torna-se neste momento mais significativa por ter sido escolhida pelo actual Papa Bento XVI como fonte de inspiração para o seu pontificado. São Bento é, de facto, uma figura incontornável da civilização europeia e ainda hoje, numa cultura de mudança, se torna uma referência segura para descobrir os valores sólidos que devem alicerçar a nossa sociedade. Ao declarar, em 1964, o fundador dos beneditinos como padroeiro principal da Europa, Paulo VI quis levar-nos a reconhecer o património espiritual legado por este santo como o alicerce que identifica a cultura europeia. A regra que criou para os monges tornou-se uma fonte de sabedoria e de desenvolvimento ao organizar os mosteiros como comunidades dirigidas por um abade (Pai) e ao propor uma forma de vida equilibrada entre o trabalho, a oração, o descanso, sem esquecer a alimentação. Os mosteiros beneditinos tornaram-se centros de evangelização e de cultura e contribuÃram para criar a unidade espiritual da Europa e promover o desenvolvimento através do trabalho intelectual e agrÃcola. Na nossa época de mudança e de ruptura cultural, são Bento convida-nos prestar atenção ao coração da cultura que é a concepção do homem. Afirma um pensador agnóstico (Leo Moulin) que São Bento nos oferece a concepção de pessoa mais equilibrada face a duas tendências que se manifestam constantemente nos vários movimentos da história do ocidente: uma que confia demais na bondade natural do homem; outra que confia de menos. São Bento tem presente as fraquezas humanas, é realista, mas, ao mesmo tempo, acredita na capacidade de aperfeiçoamento moral e até de santidade. Nesse sentido propõe a regra como caminho de perfeição. Como podemos descobrir a inspiração beneditina no novo Papa Bento XVI? Segundo uma monja beneditina, parece desenhar-se em quatro grandes direcções. Antes de mais na escuta do mais profundo do ser humano, de Deus, da tradição, dos outros e das circunstâncias da vida de modo a guiar-se pelas perguntas e não pelas respostas; em segundo lugar na humildade que deixa Deus ser Deus e não justifica nenhum autoritarismo em seu nome; em terceiro lugar na comunidade, pela importância dos outros no crescimento de cada um e pela busca comum de respostas; e em quarto lugar na hospitalidade que não exclui ninguém e a todos trata como a Cristo. Se tivermos em conta algumas das primeiras palavras e dos primeiros gestos de Bento XVI, podemos descobrir indÃcios prometedores desta inspiração beneditina: a humildade com que se apresentou: "humilde trabalhador da vinha do Senhor"; a simplicidade e atitude de escuta ao declarar a propósito do seu programa:" O meu verdadeiro programa de governo é não fazer a minha vontade, não seguir as minhas ideias, mas colocar-me com toda a Igreja à escuta da palavra e da vontade do Senhor e deixar-me conduzir por Ele de tal forma que seja Ele a conduzir a Igreja nesta hora da nossa história"; A forma cordial como, na primeira homilia, repetiu algumas vezes: "queridos amigos" e como se quis apoiar no predecessor João Paulo II e nos colaboradores mostram também a importância que dá à comunidade e ao acolhimento: "Parece-me sentir a mão forte de João Paulo II que aperta a minha; parece-me ver os seus olhos sorridentes e escutar as suas palavras dirigidas a mim neste momento particular: Não tenhas medo". D. Manuel Pelino, Bispo de Santarém Bento XVI Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...