O Bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva, destacou hoje a universalidade da Mensagem que a Irmã Lúcia transmitiu ao longo de toda a sua vida, após as Aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria.
Na homilia da Missa celebrada no altar do Recinto, D. Serafim assegurou que, na sequência da Mensagem de Fátima, “devemos dar-nos as mãos, mesmo numa dimensão ecuménica e inter-religiosa, para instaurarmos verdadeiramente um reino de verdade, de justiça, de amor e de paz”.
D. Serafim considerou a Irmã Lúcia um "exemplo de coragem", agradecendo o seu "testemunho e fidelidade" à Igreja e a Nossa Senhora.
"A Irmã Lúcia soube saborear e viver a Palavra de Deus", disse o prelado, frisando o papel dos que, como fez a vidente, "não fogem do mundo, mas se acolhem na clausura, num convento, para a contemplação".
No início da Eucaristia, o Bispo de Leiria-Fàtima pediu um momento de silêncio em homenagem aos três Pastorinhos. Posteriormente, na homilia, o prelado dirigiu-se directamente à Irmã Lúcia, assegurando que “queremos ser melhores, mais justos, mais felizes, mais santos”.
“A Irmã Lúcia soube saborear a Palavra de Deus e nas suas memórias, nos seus apelos, na sua visão dos acontecimentos de Fátima vai tecendo, com fios de ouro, palavras da revelação”, lembrou aos peregrinos. “Está aí um segredo de vivência, de testemunho e de perseverança na santificação”, prosseguiu.
D. Serafim Ferreira e Silva recordou que “a Senhora mais brilhante que o sol” apareceu uma sétima vez, a Lúcia, quando ela hesitou antes de partir para o Porto, seguindo as orientações do seu Bispo, a 15 de Junho de 1921. “Ao despedir-se do lugar das aparições, sentiu uma mão amiga que lhe pousava no ombro, voltou-se e reconheceu o rosto da Mãe”, relatou, destacando o “testemunho de fidelidade e amor à Igreja” da Irmã Lúcia.
O Bispo de Leiria-Fátima recordou ainda o “sinal do sol”, de Outubro de 1917, e a Mensagem trazida pela Senhora, convidando os peregrinos “a sermos constantes, com o sol da fé”.
“Quisemos vir, apesar das dificuldades, à Cova da Iria, para testemunharmos e aquecermos a nossa fé”, acrescentou, dirigindo-se aos fiéis de todo o país e do estrangeiro, presentes na cerimónia.
A homilia foi muito breve, tendo em conta as difíceis condições climatéricas que hoje se vivem no Santuário, tendo-se centrado no comentário às leituras bíblicas proferidas e na figura de Maria.
Valores para todos
Em declarações ao programa ECCLESIA, D. Jorge Ortiga, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, defendeu que “mais do fixar-nos nos restos mortais de Lúcia, o desafio é acolhermos a mensagem que nos transmitiu, uma mensagem de conversão”.
“Todos, católicos e não católicos, precisam de fugir ao relativismo e apoiar-se em valores eternos, procurar responder ao apelo de oração que a Irmã Lúcia recebeu de Nossa Senhora”, acrescentou.
Hoje, assinalou, falta o “sentido da sabedoria” que a Vidente tinha para encarar os acontecimentos da vida “com serenidade e optimismo”. “É preciso dar as mãos para construir uma humanidade com valores eternos”, disse.
Relativamente às polémicas que surgiram em volta do novo estatuto do Santuário, D. Jorge Ortiga refere que “todos reconhecem que este Santuário, situado na Diocese de Leiria-Fátima, tem uma dimensão nacional, para além de concentrar a maioria das acções de formação da Igreja”.
“Trata-se, simplesmente, de dar ao Santuário uma dimensão nacional. O Conselho para coordenar a acção pastoral já funcionou no passado e continuará, agora, a funcionar”, adiantou.
O presidente da CEP assegura que se tem “especulado muito” sobre este assunto e que os Bispos pretendem que “o Santuário desempenhe a sua missão na fidelidade à Igreja, como tem acontecido”.