A desertificação não é apenas uma questão climática, que possa ser resolvida com viagens espaciais para “mexer nos astros” ou rezando a S. Pedro, mas «um problema cada vez mais sério e mais próximo», cujo combate tem que mobilizar principalmente as pessoas das áreas afectadas. «É um problema de cada um. De si próprio», enfatizou Victor Louro, um bracarense que coordena o Plano de Acção Nacional de Combate à Desertificação (PANCD), ao falar ontem, numa das “Conferências de Soutelo”, organizadas pela ADERE-Minho, que o próprio intitulou: “Não à resignação – Não desertar no combate à desertificação”.
Victor Louro começou por explicar que «a desertificação não é um problema do solo, mas do território, ou seja igualmente dependente da água, da flora, da fauna e, fundamentalmente, das pessoas». É que são 250 milhões as pessoas afectadas por esta realidade, que se faz sentir em mais de metade dos países do mundo e que afecta não só dois terços do continente africano, mas também o Sul da Europa, onde se incluem Portugal, Espanha, Itália, Grécia e Turquia. Aproximando o “zoom”, há que ter em atenção que «o Sul da Península Ibérica tem exactamente as mesmas condições de aridez que o Norte de África», o que levou à integração destes países na “Convenção de Combate à Desertificação” ao lado das nações africanas, formando uma espécie de “convenção dos pobres”, face à “convenção dos ricos” que estuda as “Alterações Climáticas”.
Em declarações à Agência ECCLESIA, Jorge Nunes, Presidente da Câmara Municipal de Bragança sublinhou que “estamos a sensibilizar as pessoas para o valor primordial da água, temos trabalhado com as escolas e alertamos os alunos para a importância dos recursos humanos”. Para além deste campanha de sensibilização, Jorge Nunes realçou também que já foram editados “CDs didácticos com informações relativas a estas questões”.
O próximo dossier do semanário «Agência ECCLESIA» será dedicado ao Ano Internacional dos Desertos e Desertificação.
