Nacional

Dia Internacional das Mulheres

Luís Filipe Santos
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Tudo começou no longínquo ano de 1857, em Nova Iorque, quando centenas de trabalhadores do sexo feminino, empregadas na Indústria Têxtil, fizeram uma marcha de protesto contra os baixos salários, o período de 12 horas diárias e as más condições de trabalho. Passados mais de 150 anos, as mulheres ainda lutam contra a discriminação, apesar da mulher em Portugal “ter feito um caminho importante e registado progressos muito consideráveis em várias áreas: desde a participação no mercado de emprego, uma maior participação nos postos de decisão pública e política e também no mundo do ensino superior†– disse à Agência ECCLESIA Maria Amélia Paiva, presidente da Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres (CIDM). Um conjunto vasto de domínios onde se regista “um progresso muito considerável†mas “não quer isso dizer que não tenhamos que continuar a lutar contra a discriminação†– realça Maria Amélia Paiva, a propósito do Dia Internacional da Mulher, a comemorar no próximo dia 8 de Março. Desde 1975, que as Nações Unidas definiram a data de 8 de Março, como Dia Internacional da Mulher, mas apesar dos progressos, a presidente da CIDM salienta que num futuro próximo “esta comemoração não deixa de ter sentido†porque o caminho “a percorrer ainda é longoâ€. E adianta: “existem imensos domínios onde temos de continuar a actuar de forma a permitir que a igualdade seja uma realidade de factoâ€. As mulheres são mais de 50% da população portuguesa e só com uma participação “mais equilibrada de homens e mulheres é que podemos dizer que temos uma sociedade em que a igualdade foi plenamente atingidaâ€. A forma como as sociedades estão organizadas, “onde as responsabilidades familiares e domésticas continuam a recair maioritariamente nas mulheresâ€, são as principais culpadas desta situação, apesar “da evolução nas gerações mais novasâ€. Mas o cômputo final continua a ser “desfavorável às mulheres†porque “elas têm actividades profissionais e domésticasâ€. Mais trabalho e muitas vezes “violência†e neste caso é necessária “uma tomada de consciência de toda a sociedade†porque se trata “de uma violação básica dos Direitos Humanosâ€. Situações que levam ao “desequilíbrio psicológico†– disse. Em relação ao fenómeno da prostituição, Maria Amélia Paiva salienta que muitas mulheres “são vítimas das redes de prostituição†que as “obrigam em condições perfeitamente abjectas a prostituírem-seâ€. No apoio às vítimas da prostituição, as Irmãs Oblatas têm diversas casas onde as acolhem e “dão uma orientação†– disse à Agência ECCLESIA uma irmã Oblata, do Lar Madre Antónia. Como resultado final deste trabalho com as prostitutas, a irmã oblata salienta que estas mulheres “precisam de muita autoestima†e que “muitas vezes a família destas só atrapalhamâ€. Ao longo da história, a sociedade portuguesa teve mulheres empenhadas na divulgação dos seus direitos no qual sobressai Maria Lamas, uma activista do «algo mais para as mulheres portugueses». Em declarações à Agência ECCLESIA Maria Amélia Paiva refere que “Maria Lamas foi uma mulher de referência para as mulheres e homens de Portugal†porque deixou uma “mensagem de caminho para a realização profissional e privadaâ€. Para comemorar melhor este dia a CIDM está a participar “em múltiplas actividades - desde Câmaras Municipais a Escolas Secundárias - e juntamente com vários Ministérios promovemos uma iniciativa para chamar a atenção que a promoção de igualdade entre homens e mulheres deve estar presente em todos os domínios da vidaâ€. Também a Associação «O Ninho», que tem por objectivo a promoção humana e social de pessoas prostituídas, fará um concerto pela dignidade “contra o tráfico, a escravatura sexual e as causas da prostituiçãoâ€, no próximo dia 8 de Março, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Uma iniciativa que contará com a presença de vários artistas portugueses.


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