Nacional

Diferença e Inculturação

Voz Portucalense
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Na rota do ciclo de conferências organizado pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Universitária no Porto, “Diálogos sobre…”, ocorreu no passado dia 24 de Novembro a quarta sessão, subordinada ao tema “Diferença e Inculturação”. Impossibilidades de última hora de vária ordem acabaram por fazer de Rui Marques, Alto Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas o único conferencista da noite. A Luís Amaral (FLUP) coube a sua apresentação bem como a moderação do diálogo. Ao abrir a sua comunicação, Rui Marques apresentou imagens dos mais recentes acontecimentos em França e de alguns casos de imigrantes clandestinos que são detidos ao tentar chegar ao continente europeu. O fenómeno da imigração tem séculos de existência e o que acontece hoje não é muito diferente do que o passado relata. Há umas décadas atrás, eram os portugueses que emigravam, tentando encontrar resposta para os seus desejos e necessidades em países como a França. A invocação de memórias como esta, é essencial para compreendermos a posição daqueles que hoje querem alcançar uma vida melhor na Europa. Todo o ser humano anseia por uma vida melhor e quando lhe falta o mais básico e mais estruturante, como o trabalho, sente-se obrigado a buscá-lo onde quer que ele esteja. O nosso velho continente está perante um grande desafio: ser fiel à sua memória e aos seus fundamentos enquanto comunidade europeia ou entrar numa nova Era das Trevas! Lembrando os ideais dos fundadores da Europa, é possível perceber a beleza dos mesmos e a urgência de os reavivar no actual espírito dos governantes e demais cidadãos europeus: - A ajuda ao desenvolvimento, reduzindo desigualdades entre países e diminuindo fenómenos de repulsão a partir de países pobres que geram emigrações; - Livre circulação de trabalhadores, capitais e bens, como ausência de fronteiras; - Um núcleo de valores comuns e uma constelação de diversidade cultural e linguística. À luz destes ideais e recordando a imensa pobreza que rodeia a Europa, o Rui Marques salientou que só uma verdadeira determinação no sentido de mudar essa situação poderá ser garante de um futuro melhor para todos. Os problemas que têm acontecido na Europa, só a enfraquecem e cada vez a enclausuram mais. Isto é completamente contrário à ideia de abertura que está na génese da criação europeia. Quanto mais queremos defender o que é nosso, mais depressa o perderemos! Urge passar da identidade “de onde vimos” para a identidade “para onde vamos”. Qual o projecto de integração que pretendemos para a comunidade europeia? Aquilo que hoje nos parece impossível de conciliar, poderá tornar-se plataforma de entendimento e de diálogo. Mais uma vez, a história dá-nos razões de esperança. O conflito entre católicos e protestantes no século XVI parecia infindável. Hoje em dia, todos se sentam à mesma mesa e falam de ecumenismo. Pastoral Universitária


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