Nacional

Dimensão da religiosidade popular no mundo marítimo

A. Silvio Couto
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III encontro ibero-francês do Apostolado do mar

Realizou-se de 28 de Fevereiro a 2 de Março, no ‘Stella maris’ de Leça da Palmeira, o terceiro encontro ibero-francês do «Apostolado do mar» em que se reflectiu sobre a temática da evangelização da afectividade, reportando-se à dimensão da religiosidade popular no mundo marítimo. Os cerca de vinte participantes (na sua maioria eram padres) fizeram uma análise daquilo que nos três países é a vivência da afectividade na dimensão religiosa, tanto entre os pescadores e as paróquias como ao nível do ‘Stella maris’. De França os quatro participantes incluíam o Bispo de Bayonne (Mons. Pierre Molères), cinco de Espanha (sendo a maioria da Galiza) e doze de Portugal, entre os quais D. Armindo (Bispo do Porto) e D. Januário (promotor do ‘Apostolado do mar’ em Portugal) e representantes das dioceses de Aveiro, Setúbal, Coimbra, Porto e Viana do Castelo. Partindo de um texto de trabalho, apresentado pelo grupo de Portugal, foi feita uma avaliação/partilha da incidência nas várias regiões de onde eram provenientes os participantes, abrangendo situações em que os homens e mulheres do mar manifestam – de forma mais ou menos explícita – a sua dimensão religiosa. O Bispo promotor do ‘Apostolado do mar’ de França fez uma síntese daquela análise. «Somos todos diferentes, cada faz como pode... Evangelizar pessoas que, no nosso século, vivem situações de materialismo prático, em mudança rápida... devendo partir para a rua em atitude de nova evangelização». O bispo de Bayonne apresentou ainda em seis pontos os temas comuns e um tanto diversos a seu modo: para evangelizar temos de identificar o sofrimento mal humano, quais os lugares a quem anunciar a salvação; há algo de sagrado nas pessoas que, mesmo sem serem cristãs, isso se manifesta-se e se retrair; como respeitar e evangelizar esse ‘sagrado humano’; a bênção, enquanto busca de pessoas de outras religiões leva-nos a abrir a possibilidade de um diálogo religioso; a presença feminina no apostolado do mar, não só como ajuda no acolhimento como no ‘Stella maris’ mas também em associações de mulheres; a qualidade do reencontro humano, amigo e de amizade... na lógica da encarnação, através das visitas aos barcos, aos portos e outros espaços; os centros ‘Stella maris’ podem ter bibliotecas e outros espaços, procurando reflectir sempre o espírito de evangelização. No entendimento de Mons. Pierre Molères a grande questão é: «num mundo secularizado em busca da riqueza do religioso, como evangelizar, tendo em conta que as novas gerações têm dificuldade em aderir à linguagem dos gestos que usamos na pastoral?» Fazendo-se eco do que já se faz o ‘Apostolado do mar’ numa paróquia piscatória deve ter presente que tem «de estar presente em todos os sectores em que se nota o sabor a sal, pois há uma maneira diferente de entender as coisas». Ao nível dos jovens nota-se – salvo raras excepções – uma grande dificuldade em chegar a este nível etário nas paróquias marítimas, estando-se mesmo a perder-se a religiosidade que foi recebida. Atendendo à necessidade de revitalizar os centros ‘Stella maris’, concretamente de Leça da Palmeira e de Aveiro, os responsáveis destes centros preparam-se para contactar, em Tarragona ou Barcelona, por forma a aprender a acolher e a fazer destes centros espaços de evangelização. Como desafio final, Mons. Pierre Molères referiu: «o acto de evangelização é lento e difícil, devendo estar atentos aos ventos do Espírito Santo. Como Pedro dizemos: ‘Vou pescar... Vamos contigo!’. O próximo encontro será em 20 a 22 de Março, em Espanha. A. Sílvio Couto


Apostolado do Mar