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Diocese do Algarve presta homenagem a D. Marcelino Franco, falecido há 50 anos

João Leal
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Completa-se no próximo dia 3 de Dezembro (sábado) o cinquentenário do falecimento, ocorrido em Faro, de D. Marcelino António Maria Franco, o algarvio que escutou o chamamento do Senhor e foi Pastor da Igreja do Algarve durante 35 anos. Uma efeméride de um profundo simbolismo para esta Terra-Mãe e para a sua Igreja diocesana e com o relevante significado do quotidiano pedido ao pedido de «muitas e santas vocações sacerdotais». Em tempos particularmente difíceis para o Catolicismo em Portugal, os que se viveram em grande parte a partir de 1910, foram corajosamente enfrentados por uma plêiade de bispos, sacerdotes, religiosos e leigos, que, suportando sacrifícios, injúrias, falta de liberdade religiosa e outros desafios que lhes foram colocados souberam com fé, estoicismo e perseverança prosseguir a missão evangélica. Entre eles ocupa um lugar muito especial, pelas posições assumidas e pela forma como soube concretizar o espírito de fidelidade ao Evangelho a figura de D. Marcelino, um Santo Pastor que o Pai deu aos seus filhos algarvios. Foi o saudoso prelado, quando ainda era o cónego Franco, que face aos ditames legais de pregar em público o Evangelho criou em 1914 a «Folha do Domingo», semanário diocesano algarvio, para que a Boa Nova pudesse atingir todos os recantos da diocese e possuísse as oficinas tipográficas (a Tipografia União, que hoje prossegue, não obstante «ventos e marés») para que a mesma fosse imprensa e composta. Natural de Santa Maria de Tavira, o­nde nasceu a 17 de Abril de 1871, frequentou o Seminário de São José, em Faro, o­nde concluiu o Curso Trienal. Foi ordenado presbítero a 13 de Novembro de 1893, sendo Bispo D. António Mendes Belo (1884-1907). Ainda antes da sua ordenação já era prefeito do Seminário, em cujas funções prosseguiu, bem como desempenhou o cargo de professor de Literatura e de Teologia e de vice-reitor, este por provisão de 1905. Em 1897 foi apresentado como pároco colado da paróquia de Odeáxere e em Outubro de 1901 foi provido como escrivão da Câmara Eclesiástica e nomeado por provisão de 13 de Agosto de 1915, na véspera da Festividade da Assunção de Nossa Senhora, pelo Bispo D. António Barbosa Leão (1907-1919), cónego capitular do Cabido da Sé de Faro. Foi o Papa Bento XV (1914-1922), que em 1920, o nomeou Bispo da diocese do Algarve, sendo sagrado, «com solene pompa neste templo» em soleníssima cerimónia, com a presença das mais destacadas autoridades religiosas e civis, conforme o atestam para a posteridade as lápides em mármore existentes de um e do outro lado do altar-mor na Sé Catedral. Presidiu à sagração de D. Marcelino, como Bispo do Algarve, o Cardeal-Patriarca de Lisboa D. António Mendes Belo, sendo co-sagrantes D. Manuel Mendes da Conceição (Arcebispo de Évora) e D. António Alves Ferreira (Bispo de Viseu). Foram 35 anos de intenso, profícuo, vivido e participado Bispado, em que grangeou a estima, a amizade e a compreensão da generalidade das gentes algarvias, que lhe dedicavam uma admiração muito afectiva. Nos últimos anos e devido à precaridade da sua saúde teve como Bispo Coadjutor D. Frei Francisco Domingos Rendeiro, já falecido e que foi mais tarde Arcebispo de Coimbra, tendo-lhe sucedido também nos destinos da diocese do Algarve, a quando do seu falecimento, ocorrido em 3 Dezembro de 1955. Os restos mortais de D. Marcelino Franco encontram-se na cripta do altar-mor da Sé Catedral em Faro. Sufragando a alma do sempre lembrado algarvio que foi Bispo do Algarve, bem como a de todos os prelados da diocese que o Senhor chamou a Si, será concelebrada a Eucaristia, presidida por D. Manuel Quintas (Bispo Diocesano) no próximo dia 3 de Dezembro, na Casa de Retiros da diocese, em São Lourenço do Palmeiral (Pêra). Ao recordar a figura de D. Marcelino, fundador e primeiro director da «Folha do Domingo» prestamos-lhe a nossa homenagem e evocação neste cinquentenário da sua chamada ao Pai.


Diocese do Algarve