Nacional

“É belo servir a Deus e os irmãos!”

Lopes Morgado
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Encontro do novo bispo de Leiria-Fátima com os Religiosos

Encontro do novo bispo de Leiria-Fátima com os Religiosos O novo bispo de Leiria-Fátima teve esta manhã o 1º Encontro com membros dos 64 Institutos Religiosos presentes na sua diocese. Este Encontro, que D. António Marto sintetizou para a ECCLESIA como «um tempo de conhecimento e colóquio e uma oportunidade para apresentar aos Religiosos a perspectiva da Vida Consagrada e do Plano Pastoral», teve como base a Exortação apostólica de João Paulo II sobre a Vida Consagrada e como chave de leitura a Beleza e a Alegria da voca-ção de consagração; isto, para manter a tónica da sua primeira Carta Pastoral à diocese, e «porque, disse, se não houver nesta vocação algo que fascine e leve a exclamar: “É belo servir a Deus e os irmãos!”, não interessa que haja boas palavras e pregações. Após a oração da Hora Intermédia, D. Marto apresentou três caracterís-ticas da vocação especial de consagração: Uma proclamação da Trinda-de, Um sinal de comunhão fraterna na Igreja e Um serviço do amor. «Com isto – alertou – não se diz que a Vida Religiosa seja impor-tante, mas que é bela!» E chamou a atenção para o ícone bíblico da Transfiguração de Cristo, à luz do qual o papa anterior organi-zou todo aquele documento final do Sínodo para os Religiosos. Concretizando: «A sua luz atinge todos os cristãos; mas uma especial forma é a dos que seguem a Vida Consagrada, cujos conselhos evangélicos são sinal e profecia para o mundo. “Senhor, é belo estarmos aqui!” – estar contigo, dedicar-nos só a Ti. Quem O segue, sente-se arrebatado pela sua beleza.» Da contemplação à transformação. Depois desta parte mais doutrinal, o próprio bispo disse que era preciso aterrar no concreto das aplicações práticas. Começando pela sua própria missão do bispo, sintetizou-a deste modo: «reconhecer, aceitar, promover e coordenar os vários carismas da Vida Consagrada, como graça que reverte para toda a Igreja; apoiar e ajudar os Religiosos na fidelidade à inspiração fundadora de cada Instituto.» Deu, em seguida, quatro indicações ou estímulos ao que devia ser a vocação e missão dos Religiosos na Igreja e no mundo: 1) Tender à santidade, alimentando-se de uma espiritualidade exigente e profunda, como principal preocupação e fonte de renovação. Propondo que, antes de qualquer outro projecto, os Religiosos se interroguem: “Somos uma verdadeira casa e escola de espiritualidade evangélica?” E sublinhando: «Perante a escassez de vocações, a cada um é pedido não o êxito, mas a fidelidade; evitando a derrota da Vida Consagrada, que não está no declínio numérico mas na diminuição da fidelidade ao Senhor e à vida espiritual.» 2) Escutar a Palavra de Deus, a primeira fonte da espiritualidade cristã. E citou a clássica expressão de S. Jerónimo, cuja festa é hoje celebrada na Igreja: “A ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo”. Lamentou que a Igreja ainda não tenha levado todo o Povo de Deus a uma leitura orante da Bíblia, em grupos, D. António Marto exortou, com ênfase: «Sede os primeiros amantes desta Palavra e introduzi nas vossas comunidades o método da Lectio divina!» 3) Exprimir a alegria da vida fraterna em comunidade. E de novo o bispo interpelou os presentes, em jeito de revisão de vida: «Como se aceitam e amam na diferença? Valorizam os dons recíprocos? Usam a autocomiseração como forma de desculpabilização e de transferência das próprias falhas para os outros? Examinai-vos, não com amargura nem complexo de inferioridade, mas com humildade, sinceridade, caridade, acolhimento e correcção fraterna.» 4) Praticar a ascese purificadora e libertadora, pois a ascese dila-ta o coração à medida do coração de Deus e abre-o ao Senhor e aos irmãos. Salientando que é dentro desta perspectiva que deve ser entendida a “Regra comunitária” (pois «sem ela – disse – a Vida Consagrada é o caos; com ela, é fonte de fraternidade e de alegria») D. Marto aconselhou cada qual a ter, também, a sua regra pessoal de vida. Os Religiosos na diocese de Leiria-Fátima. Após a intervenção do senhor bispo, o padre Rui, Religioso do Sagrado Coração de Maria e Presidente Regional da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), lembrou que na diocese de Leiria-Fátima estão presen-tes 64 Institutos Religiosos, num total de 76 comunidades: 14 masculi-nas em Fátima e uma em Leiria; 53 femininas em Fátima e 2 na Batalha, 4 em Leiria, 1 na Marinha Grande, 1 em Mira d’Aire e 1 em Mon-treal. No final, o senhor bispo recebeu a saudação pessoal de cada um e cada uma dos Religiosos que encheram totalmente o salão da Casa de Nossa Senhora das Dores. Segundo afirmou à ECCLESIA a Irmã Maria Vitória, Serva de Nossa Senhora de Fátima e Vice-Presidente Regional da CIRP, este encontro «foi muito oportuno e directo face ao momento que estamos a viver na Igreja e tendo em conta o peso que os Religiosos têm na diocese, quer em número, quer no empenhamento pastoral, sobretudo no Santuário».


Diocese de Leiria-Fátima