Nacional

É preciso abrir portas à Paz

José Maria Carneiro Costa
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O Conselho Pastoral e Paroquial de S. Tiago de Antas, em colaboração com o Grupo local da Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos, promoveu, no passado dia 26 de Dezembro, no Salão Paroquial, um Colóquio/Debate sobre a Paz, com o título “A Paz que procuramos...” Pretendeu-se com esta iniciativa preparar o Dia Mundial da Paz, a celebrar no 1º. de Janeiro de 2004, a partir da realidade do dia-a-dia, desde o local de residência, passando pelo trabalho, desemprego, família, ocupação dos tempos livres, vida social, vida paroquial, o nosso país e o mundo. Os trabalhos foram orientados pelo Pe. Dr. Luís Marinho, director espiritual dos alunos de teologia do Seminário Conciliar de Braga e Assistente da Pastoral Universitária. A Paz assenta na dignidade da pessoa humana O Pe. Luís Marinho, começou por interpelar os presentes sobre o tipo de paz que nós procuramos, se hoje terá sentido falar de paz e perguntou: o que pomos dentro da palavra Paz? Depois reafirmou que paz é plenitude é alegria. A paz não é ausência da guerra, não é apenas um valor a juntar a tantos outros, a paz é fruto da vivência de um conjunto de valores que nós como cristãos defendemos e que no seu conjunto têm como princípio a dignidade da pessoa humana. Depois, começou por situar os participantes nas guerras que têm existido ao longo dos tempos que, ao mesmo tempo, têm trazido muitos ensinamentos para a humanidade. Disse que depois da II Grande Guerra mundial “a humanidade gritou, guerra nunca mais!”, embora as coisas daí para cá não se tenham passado bem assim, porque foram eclodindo outras guerras, no entanto, foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU) e aprovada pelas nações a Declaração Universal dos Direitos do Homem, como instrumentos de protecção da pessoa humana e da paz entre as nações. Apontou de seguida algumas causas das guerras, salientando que a principal causa reside no coração de cada homem. “É no coração que está a maldade, o egoísmo, a inveja, o ciúme e a intolerância”, referiu. Outras causas, também apontadas por João Paulo II, são as que provocam o terrorismo, como o subdesenvovimento dos povos, a pobreza à escala mundial, que funcionam como verdadeiros viveiros para o desenvolvimento desta “praga internacional”. A Paz deve ser vista e sentida como um bem precioso, que é procurada por diferentes caminhos, quase como jogo da caça ao tesouro que fazíamos quando éramos crianças, acrescentou. Existem várias portas para abrir que conduzem à Paz Apontou várias portas para abrir que conduzem à paz e salientou algumas: a porta do amor; da liberdade individual e dos povos se poderem exprimir, na sua diversidade de culturas e religiões; a liberdade de cada um poder expressar a sua fé; o desenvolvimento, como dizia Paulo VI “o desenvolvimento é o novo nome da paz...”; os Direitos do Homem; a reconciliação; a defesa da vida; o dialogo entre pessoas e culturas, entre religiões; o respeito pela minorias; a ecologia, o respeito pela natureza que não podemos agredir. E continuou, “outras portas que nos conduzem à Paz são: ir ao encontro dos pobres, porque o rosto de um pobre é o rosto do próprio Deus, o perdão e a reconciliação.” A Paz é um tesouro que ainda não possuímos. Educar para a Paz faz parte da nossa religião Referindo-se à Mensagem do Santo Padre para o Dia Mundial da Paz, o Padre Luís Marinho, referiu que “Educar para a Paz é algo que faz parte da natureza da nossa religião “Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus”. Educar diz respeito a uma arte, como um pai ou uma mãe educa o seu filho desde o berço materno. Salientou também que nos tempos que estamos é preciso e urgente educar para a legalidade. Não chega definir regras, fazer leis, assinar tratados, é preciso que se cumpram estes compromissos. Quantas pessoas não morrem, porque violam as leis e as regras de uma boa e sá convivência, veja-se por exemplo o que se passa nas estradas do nosso país. “É urgente que todos reconheçam que vale mais a força do direito, do que o direito da força”, acrescentou. Na sua comunicação reforçou ainda a necessidade de um empenhamento maior da Igreja na educação dos fieis para as causas da Paz, “temos que anunciar o Deus da Paz e construir a civilização do Amor”, rematou. Depois, interpelou os participantes neste colóquio sobre qual deve ser a nossa missão na civilização da Paz? Falamos mais de guerra do que de paz... No debate animado que se seguiu, as pessoas foram referindo, que muitas vezes falamos mais de guerra do que de paz. Esquecemos muitas vezes os problemas dos outros, como o desemprego, os salários em atraso, as más relações entre famílias, pensando que estas situações não nos atinge... mas, quando damos conta, elas estão a bater-nos à porta. Para sermos verdadeiros mensageiros da paz, torna-se necessário que estejamos em paz com nós mesmos. Aqui, foram salientados por diversas pessoas presentes, a importância dos pequenos gestos, o saber ceder, ir ao encontro do outro, ter coragem de denunciar as injustiças, mesmo que isso faça doer e muitas vezes traga ameaças, porque a paz deve fazer mexer as pessoas e levá-las a desinstalarem-se do seu comodismo. É preciso saber ler e interpretar os ensinamentos da Igreja Falou-se ainda da necessidade da formação cristã. A Igreja precisa de homens e mulheres formados capazes de saber ler e interpretar os ensinamentos da Igreja e ajudar a aplicá-los na vida concreta, como esta mensagem do Santo Padre. Por fim, o Pároco, Pe. António Santos Oliveira, encerrou os trabalhos, agradeceu o contributo que o Padre Luís Marinho veio trazer à Paróquia de Antas naquela noite fria de inverno, mas quente na participação e referiu que este colóquio foi uma boa preparação para que cada um ficasse mais esclarecido, para que o Dia Mundial da Paz não seja apenas mais um dia, mas daí irradie, para que todos juntos possamos construir uma Paz duradoura todos os dias. P´la Comissão Organizadora José Maria C. Costa


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