O XI Fórum Sacerdotal de Viana do Castelo, que ontem reuniu, no Seminário Diocesano, pouco mais de meia centena de presbíteros, desenvolveu-se em torno da “centralidade da Palavra de Deus na vida”, quer dos padres, quer da Igreja, e concluiu da necessidade de proceder a uma «urgente reevangelização».
«Rezar a Palavra de Deus» deverá ser o ponto de partida desta acção. Numa lúcida e fria análise à realidade das assembleias das nossas eucaristias, o padre Arlindo Ribeiro da Cunha disse que «muitos dos que frequentam as igrejas não sabem em quem acreditam» e que, por isso, é necessário começar tudo de novo, num profundo desafio de persistência, porque o ambiente não é favorável nem suporta a transmissão da fé.
Nesta «urgência» de evangelizar as pessoas de terras com tradição de fé, aquele sacerdote apontou a homilia e a formação cristã de adultos como os dois instrumentos pastorais indispensáveis. Exortando os sacerdotes a serem menos «sacramentadores» e mais «evangelizadores», desafiou- os a serem disciplinados na preparação da homilia, que «não pode existir para se dizer qualquer coisa, porque, ou ela é preparada, ou não é homilia».
Esta preparação adequada da homilia dominical, que deverá partir de uma visão de conjunto do Ano Litúrgico, permitirá ultrapassar o «moralismo» de que estão cheias muitas prelecções. Ainda no capítulo das celebrações, o sacerdote apelou ao equilíbrio entre a mesa da Palavra e a mesa do Pão em ordem a deixar vir mais ao de cima o valor símbolo na liturgia que de outro modo é morto e esvaziado.
Paralelamente preconiza um trabalho sistemático de formação das pessoas que os ajude a converter- se, a optar por Jesus Cristo e pelos seus valores de vida e a deixarem de viver a fé como se de uma mera «tinta cultural» se tratasse. Aliás, só esta «formação de adultos permitirá a renovação das comunidades cristãs» do país, justificou o padre Arlindo Ribeiro da Cunha. Pároco na periferia urbana do Porto, conhece bem a dureza deste trabalho contínuo e sistemático que realiza na comunidade da Serra do Pilar.
A Igreja, disse ainda, necessita de ajudar as pessoas a aprenderem a orar e considera mesmo que este «é um ministério que não se pratica» em Portugal. Este Fórum Sacerdotal, realizado no dia em que a Diocese de Viana completou 28 anos de existência, também contou com a participação do biblista António Couto, que alertou para a necessidade da permanente abertura ao «Deus que vem» na Escritura e que a todos encaminha para a sua «santidade».
Numa reflexão, durante a qual se apoiou permanentemente nos textos bíblicos e conciliares, António Couto falou dos dinamismos da Palavra que «sacode» o homem e o leva a acolher este Deus que vem e que a «todos reúne». Este acolhimento suscita a intimidade que significa uma conversa amorosa com Deus.
