Vinham da Casa de Saúde do Telhal, da Casa de Saúde da Idanha, da Clínica Psiquiátrica de S. José, do Hospital Miguel Bombarda, do Hospital Júlio de Matos, do Hospital de Sta. Maria. Eram os doentes das Instituições Psiquiátricas da área Lisboa que, naquele dia 7 de Outubro, Dia de Nossa Senhora do Rosário, peregrinavam até Fátima, para um encontro ternurento com a doçura da Mãe do Céu, em mais uma acção promovida pelo Núcleo de Pastoral em Saúde Mental do Patriarcado.
Facilmente o número de participantes foi crescendo, para se atingir o de algumas centenas. O encontro de uns com os outros, o encontro com Maria e, com Ela, a oportunidade singular de reacender e reavivar as chamas de uma fé forte que habita no coração daquelas pessoas, que conhecem bem de perto o peso da doença e do sofrimento e que tratam por tu o ainda estigma da doença mental, eram razões bastantes para inundar de alegria e de esperança o rosto daquelas centenas de doentes.
Num primeiro momento juntaram-se na Capelinha das Aparições para a oração do Terço. Batiam as doze horas. A um utente de cada Instituição coubera a recitação de um Mistério. Agora, muita gente ali se reunia e Nossa Senhora, certamente, terá sentido a força e a convicção daquela oração rezada por aqueles doentes.
Era um encontro dos filhos predilectos de Deus com o carinho de uma Mãe que sempre conforta, que sempre afaga, que sempre auxilia, que sempre anima…
De tarde, depois de um almoço oferecido pelo Santuário, que assim se quis associar a esta peregrinação e receber estes peregrinos tão especiais, haveria de haver, na Basílica (uma Basílica que se tornou muito pequena, para acolher as muitas pessoas que ali se quiseram reunir), um encontro e um tempo de conversa íntima com o Pai Deus, na celebração da Eucaristia.
E de novo a expressão de uma fé forte e convicta. A forma como cada doente participava naquela celebração não deixava dúvidas: Ali sentiam-se com Deus; ali sentiam-se seres amados e muito queridos pelo Pai de toda a Vida; ali sentiam-se integrados no plano de Deus, que conta também com eles no seu projecto de Amor.
De regresso a cada Casa, ficou ainda a história daquele homem, utente de uma das Instituições participantes, há muitos anos nela internado e há muitos anos sem querer falar, que abriu a boca para, de forma espontânea, surpreender os acompanhantes ao afirmar: “Que Nossa Senhora sempre nos acompanhe”.
Era o dia 7 de Outubro. Dia de Nossa Senhora do Rosário. Naquele dia Nossa Senhora terá rezado com a humanidade, mas as contas do Seu Rosário eram o coração destes doentes.
Fernando d’Oliveira