Educar para o desenvolvimento LÃgia Silveira 03 de Julho de 2008, às 15:02 ... Autarquias e sociedade civil são parceiros priveligiados na resposta aos desafios globais da cooperação As autarquias são actores privilegiados para desenvolver um trabalho de educação para o desenvolvimento. Pela proximidade e assertividade, sabem como chegar à s pessoas, mas a vontade polÃtica é determinante para a sustentabilidade de projectos de cooperação. Esta foi uma das conclusões indicadas pelo Seminário Nacional sobre Educação para o Desenvolvimento e Cooperação Descentralizada, promovido pela Fundação Evangelização e Culturas (FEC) em parceria com cinco municÃpios portugueses e a ONG Orbis – Cooperação e Desenvolvimento. O Seminário concluiu também a necessidade de integrar na estratégia de cooperação, o trabalho de educação para o desenvolvimento. “Ao sensibilizar a população local, este trabalho trará benefÃcios para o processo de cooperação, mas também para as comunidades locaisâ€, adianta à Agência ECCLESIA Sandra João, coordenadora do projecto Enlaces, da FEC. O encontro entendeu ainda que a cooperação entre municÃpios deve ser valorizada como um instrumento de desenvolvimento regional e local. O papel dos municÃpios deve ser reconhecido e apoiado, integrando a Educação para o Desenvolvimento (ED) nas iniciativas locais de ordem cultural, educativa e recreativa. Outra recomendação que saiu da reflexão do Seminário Nacional aposta na promoção de uma rede estabelecida de parceiros, como factor para o sucesso da cooperação descentralizada. O Seminário Nacional decorreu de um percurso realizado por cinco autarquias ((Aveiro, Grândola, Santa Maria da Feira, Setúbal e Seixal) e pela Orbis – Cooperação e Desenvolvimento, que desenvolveram, em diferentes âmbitos, o Projecto Enlaces, lançado pela FEC aos municÃpios. Este projecto visa promover actividades de formação e de sensibilização da opinião pública sobre as questões do Desenvolvimento, das relações Norte-Sul, da interdependência e da interculturalidade, Caminho descentralizado Em conjunto com entidades locais, as autarquias fizeram um caminho de “formação, planeamento e desenvolvimento de acções locais com o objectivo de educar para o desenvolvimentoâ€, que na base, significa “uma educação para a cidadania activaâ€. As experiências desenvolvidas pelas autarquias “foram pioneiras de um processo de trabalho, que se pretende continuarâ€, aponta Sandra João. No Seminário foram integrados “outros actores locais com trabalho feito, não necessariamente de ED, mas cujo contributo veiculava esses objectivosâ€. Câmaras Municipais ou actores da sociedade civil exemplificaram histórias “que na prática, significam passos que são realizados dentro da própria agenda dos municÃpiosâ€. No concelho do Seixal, o mês de Março é consagrado aos jovens. “Este ano foi uma aposta, durante esse mês, abordarem a ED, através de ciclos de cinema que trazia à discussão as questões do desenvolvimentoâ€. Em Setúbal, também em Março, no contexto do mês dedicado à mulher “integraram a sensibilização e informação para as questões do género, consagrados nos oito Objectivos do Desenvolvimento do Milénioâ€. Sandra João salienta a “preocupação de, com recursos locais, desenvolver este trabalhoâ€. “O principal recurso local é o que já existe e a melhor forma de se trabalhar com o que já existe é começar pelas pessoasâ€. Os meios de comunicação foram identificados “como público alvo, mas também como parceirosâ€. Algumas rádios locais foram meios para a divulgação de iniciativas. “Em Setúbal, inserido no Março Mulher, houve mesmo entrevistas sobre estas questõesâ€. Sandra João dá conta de “muitas autarquias portuguesas envolvidas em acções de cooperação para o desenvolvimentoâ€, onde os projectos de geminação são os mais conhecidos, “inseridos num projecto de cooperação inter municipalâ€. Haverá vários formatos de parcerias e são “instrumentos que acabam por ser canais para desenvolver um trabalho de cooperação para o desenvolvimentoâ€, sustenta. A coordenadora do Projecto Enlaces manifesta que “houve resultados de sensibilização dos municÃpios e munÃcipes para esta questãoâ€. Mas lembra que “isto é um processo, e qualquer processo de educação demora muito tempoâ€. No caso dos cinco municÃpios parceiros esse esforço é visÃvel, “e vai manter-seâ€. Desenvolver a educação Outro objectivo que o Seminário Nacional apresentava era fazer chegar junto do público “informação sobre o esforço que é feito de educação para o desenvolvimento e de cooperaçãoâ€, explica Sandra João. O Consenso Europeu, também abordado no Seminário, corresponde à primeira declaração da União Europeia, assinada em 2005, sobre o que deve ser a polÃtica de desenvolvimento europeia. Esta declaração “apresenta um conjunto de princÃpios, valores e formas de actuação pelas quais cada um dos Estados membros deve orientar a sua polÃtica de cooperaçãoâ€, dá conta a colaboradora da FEC. “Este documento torna claro que no contexto do Norte, deve ser dada especial atenção à ED. Na prática e no contexto dos paÃses, quer dizer muita coisa, mas este é processo consagrado politicamenteâ€. A ED visa envolver a opinião pública para a cooperação. “Não se trata de ajudar o outro, mas de ajudar a todos, pois o contributo é globalâ€, sublinha a coordenadora do Projecto Enlaces. “É uma mensagem de parceria que tem de passar para a opinião pública". O contexto actual é de globalização e inter dependência, logo, “mais do que nunca, as questões do Sul não podem continuar a ser reduzidas a questões do Sulâ€. Sandra João sublinha que existem “desafios globais. E o desenvolvimento é um desafio globalâ€. “A cooperação não deve ser entendida como uma transferência de recursos do Norte para o Sul, mas como um trabalho de efectiva parceria entre Norte/Sul, Sul/Norte, Norte/Norte ou Sul/Sulâ€. O esforço de sensibilizar e mobilizar a opinião pública “serve para criar uma maior consciência de implicação nestas questõesâ€. Futuramente poderá estar em cima da mesa o trabalho com outros municÃpios. “Que caminhos de continuidade existem, com que autarquiasâ€, lança Sandra João indicando serem questões a reflectir. Para a FEC e para as entidades parceiras (as autarquias e a Orbis), “este trabalho não pode acabarâ€. Sandra João adianta que importa “perceber o que os parceiros pretendem continuar a desenvolver†e avaliar o projecto Enlaces, procedendo a algumas alterações ou extensões. Finda a avaliação, a FEC irá editar o resultado do Seminário Nacional e o percurso feitos pelos municÃpios portugueses. FEC Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...