Nacional

Em defesa da dignidade dos mais fracos

Pastoral Operária do Porto
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Nota da Comissão Diocesana da Pastoral Operária do Porto

A Comissão Diocesana da Pastoral Operária do Porto reuniu na Casa Diocesana do Porto, no passado mês de Junho com o objectivo de aprofundar a realidade operária do nosso país. A região da diocese do Porto atravessa uma situação particularmente grave e que está a marcar os trabalhadores. Todos os dias verificamos que as estatísticas ao nível do desemprego estão a progredir a um ritmo acelerado. Graças aos despedimentos colectivos, muitas famílias inteiras ficam sem o seu “ganha-pãoâ€. Mesmo sabendo que o mundo do trabalho sofreu muitas alterações, não podemos admitir que os trabalhadores sejam sempre o “elo mais fraco†a pagar a crise. Hoje, pede-se aos trabalhadores cada vez mais adaptação, flexibilidade, competência profissional e eficácia. No entanto, os salários de grande parte dos trabalhadores não vão além do salário mínimo nacional e o custo de vida tem subido muito. Infelizmente, os salários não acompanham essa subida. Isto provoca o aumento da pobreza e do endividamento. Como é possível fazer face a tantas despesas necessárias de cada dia, aos encargos e compromissos familiares, estando nesta situação ou sem emprego? Fruto de políticas injustas e não planificadas, o desemprego já não tem um carácter transitório e temporário. Surge a regra do “ser†desempregado, em vez do “estar†desempregado. Os jovens saem da escola e não se sentem preparados para um rumo profissional exigente e incerto. O nível de satisfação dos trabalhadores também não é tido em conta. Aos empresários deste país interessa a produtividade, a qualidade, a competitividade e o capital. Mas o mais precioso dos capitais não será as pessoas? É preciso mudar as mentalidades e as políticas numa sociedade de pessoas que se dizem homens e mulheres de valores humanos e cristãos. Um direito inabalável é o direito ao trabalho! Não podemos aceitar que as pessoas trabalhem só para viver, o trabalho tem de ser digno e contribuir para a realização de cada um. Como parte activa da Igreja no mundo do trabalho, consideramos que todos os homens e mulheres são filhos de Deus e, como tal, devem ser respeitados na sua dignidade. “Mediante o trabalho, o homem não somente transforma a natureza, adaptando-a às suas necessidades, mas realiza-se também a si mesmo como homem e até, em certo sentido se torna mais homem.†(Laborem Exercem, 9) Sendo o trabalho “uma dimensão fundamental do homem sobre a terra†(LE, 4), esta comissão diocesana interpela a sociedade no sentido de um empenhamento pela dignidade humana dos mais fracos, dos “improdutivos†e dos mais pobres.


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