Afinal, porquê chegaram tantos jovens europeus ao nosso país? O que pode juntar católicos, luteranos, anglicanos, evangélicos e ortodoxos em cinco dias consecutivos de oração e reflexão em comum?
A resposta não é simples, menos ainda quando se tenta explicar a quem não está familiarizado com a palavra Taizé o que é o 27º Encontro Europeu de Jovens promovido por essa comunidade ecuménica internacional, em Lisboa, neste final de ano.
Desde bem cedo vimos passar o Pedrag, da Sérvia, o Oleg, da Ucrânia, a Martyna, da Polónia, a belga Justine, o espanhol Jesus e tantos outros, de 34 países europeus e 14 outros do resto do mundo. A experiência em anteriores Encontros Europeus é comum, assim como o desejo de paz e de solidariedade.
Taizé traz para Lisboa, nestes dias, uma experiência radicalmente diferente das nossas vivências mais tradicionais da religiosidade, das expressões de fé, de oração e reflexão. A presença de Jesus não é disfarçada, remetida para o âmbito do exclusivamente privado, nem a diversidade de vivências que ele suscita é anulada.
Ao contrário do que pode sugerir uma abordagem precipitada, não se procuram soluções de compromisso para “não ferir susceptibilidades”: no ambiente de silêncio, simplicidade, beleza e comunhão que se procura criar, o fundamental é redescobrir Jesus como a referência espiritual que pode transformar a experiência do quotidiano.
A procura de novas espiritualidades, o esoterismo e o sincretismo que têm vindo a ganhar terreno na nossa sociedade mostram que a herança de Jesus não é entendida, em muitos casos, como um património espiritual, cheio de desafios para o crescimento pessoal, mas como uma tabuada pouco apelativa que é preciso decorar e, depois, esquecer.
O Encontro de Lisboa pode ser um desafio aos cristãos do nosso país, em relação ao modo como rezam, como participam na discussão e solução dos problemas do país, sobretudo na maneira de apresentar Jesus aos que procuram a “espiritualidade” bem longe das comunidades cristãs.
Na carta do Irmão Roger, fundador da comunidade de Taizé, aos participantes do Encontro Europeu de Jovens, pode ler-se que vivemos num período em que muitos se interrogam o que é a fé. “A fé é uma confiança muito simples em Deus, um indispensável impulso de confiança, permanentemente retomado ao longo da vida”, aponta o texto.
Hoje, mais do que nunca, tem pertinência o repto da Comunidade: “numa época em que muitas vezes é difícil encontrar razões para ter esperança, aqueles que depositam a sua confiança no Deus da Bíblia têm o dever de «dar a razão da sua esperança a todo aquele que lha peça» (1 Pedro 3,15). Têm de agarrar o que a esperança da fé contém de específico, para poderem viver enraizados nela”.