Quase 100 empresários e gestores católicos estiveram reunidos no almoço-debate da Acege (Associação Cristã de Empresários e Gestores) para reflectir sobre o impacto do alargamento na realidade económica e empresarial portuguesa. “O que me pareceu essencial foi articular três grandes componentes: os resultados que foram atingidos na última semana em termos do funcionamento da convenção europeia e a proposta que irá apresentar ao Conselho Europeu de Salónica; uma apreciação, simplificada, sobre as condições estruturais a longo prazo do modelo social europeu; finalmente, uma atenção específica aos problemas da economia portuguesa no primeiro quartel do séc. XXI”, explica o orador convidado, Ernâni Lopes.
Para este antigo Ministro das Finanças e delegado português na Convenção Europeia, o alargamento europeu é “resultado directo dos acontecimentos do 2º semestre de 1989, que alteraram toda a geopolítica da Europa”. A situação em que ele acontece, porém, foi definida com “crítica”: crise demográfica, das finanças públicas e saturação dos mercados foram factores apontados para justificar a perspectiva de estagnação que levaria, segundo este especialista, “a sérias dificuldades de articulação entre os princípios de competitividade e solidariedade”.
Em relação aos trabalhos da Convenção Europeia, Ernâni Lopes manifestou a opinião de que, ao não se terem abordado questões económicas e sociais, se criou uma situação potencialmente perigosa para a Europa: “as potenciais rupturas na UE estão no quadro sócio-económico e não político-institucional”, explicou. Ainda assim, não deixou de mostrar sérias preocupações com as rupturas recentemente criadas no seio da UE, mormente depois da guerra no Iraque, e deixa um recado: distinguir entre países grandes e pequenos é uma opção suicidiária para a União, que não pode viver nessa base. Também por isso, estou convencido que um presidente permanente da UE é um passo no caminho da destruição da Europa unida”.
UM ANO DE CRESCIMENTO
O presidente da Acege, Alberto Pinto Basto, aproveitou este último encontro antes do Verão para fazer uma avaliação muito positiva do último ano de actividades. O encontro decorreu nas instalações da Igreja de São Nicolau, em Lisboa, na tarde de hoje, 18 de Junho.
Segundo este responsável “o crescimento a nível de associados foi assinalável, chegando já aos 420; a implantação regional é já uma realidade, com núcleos em Vila Real, Bragança, Braga e Porto; foi possível encontrar novos meios para apoiar a formação pessoal dos associados e lançamo-nos na publicação de documentos que considero importantes”.
No final desta intervenção surgiu a revelação de que no próximo mês de Outubro serão tornados públicos alguns projectos de parceria editorial que a Associação tem vindo a levar a cabo juntamente com a Universidade Católica Portuguesa.