Interculturalidade no mundo da educação em debate no VI Encontro de Apoio Social ao imigrante
Pelo fim das formulações binárias de dizer e de estar em sociedade, em favor da mestiçagem. Para esse conceito deveriam concorrer todas as fases da educação, porque só assim permitem o enriquecimento da pessoa.
Roberto Carneiro, na conferência que marcou o inÃcio dos trabalhos do VI Encontro de Apoio Social ao Imigrante, na noite desta sexta-feira, em Fátima, defendeu a necessidade de projectos educativos que “acolham a diversidadeâ€. Na escola, no fundamento de qualquer proposta deverá estar “uma pedagogia aditiva, e não subtractivaâ€. Só assim será possÃvel, numa comunidade educativa, dispor de diferentes memórias, diferentes formas e falar, de identidades e culturas.
Tendo por fundamento educativo uma psicologia subtractiva, o resultado será a imposição de um único modelo cultural.
A urgência de alargar horizontes ao diferente impõe-se porque as sociedade do hoje e do amanhã já não pertencem à era da independência, mas à da inter-dependência. Por isso, Roberto Carneiro afirmou que a escola deverá ser capaz de “pensar uma didáctica da interculturalidadeâ€. O que implica revisões especÃficas. Por exemplo – adiantou – a história, ainda formulada a partir de conceitos militares e de vitórias sobre minorias, terá quer ser desarmada e motivar o desaparecimento das feridas das guerras (de que muitas fronteiras ainda falam).
Para uma educação para a interculturalidade, Roberto Carneiro sugere uma “reinvenção da escolaâ€: libertando-se de preconceitos, para dar espaço aos conceitos, e pensando em todas as culturas.
Na abertura deste VI Encontro de Apoio Social ao Imigrante, D. António Vitalino afirmou a necessária convivência com o outro, com o diferente, em todos os contextos eclesiais. O Presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana adiantou mesmo uma sugestão (“que ainda não redigi para apresentar à Conferência Episcopal Portuguesaâ€, confessou): propor aos candidatos ao sacerdócio tempos de diálogo com outras culturas, noutros contextos sociais e culturais. “Um estágio no tempo de estudantes faz-lhes muito bem…â€, referiu D. António Vitalino, recordando a sua experiência e a de colegas na formação sacerdotal, que reservavam meses do ano para migrarem ao encontro de outras culturas. “Essa será uma boa metodologia para melhor acolher quem nos procura e para aprendermos com outras culturasâ€, referiu.
Uma sugestão à espera de “companhia†na Comissão Episcopal da Mobilidade Humana. E foi aos participantes neste VI Encontro de Apoio Social ao Imigrante que D. António Vitalino pediu outras ideias que possam fazer da sociedade portuguesa, nomeadamente da Igreja Católica, factor de integração de todo o diferente.
Amanhã, sábado, o Encontro decorre em Oficinas de trabalho, onde se analisará como, no terreno, o acesso à educação, os media, a escola, o diálogo inter-religioso, os tempos de entretenimento e desporto possibilitam a interculturalidade.
Pelo sexto ano, este Encontro reúne os agentes sociais e pastorais que trabalham com os imigrantes na Caritas e nos Secretariados Diocesanos das Migrações.