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Escolas Católicas: Lutar pelos contratos de associação é contrariar um modelo de ensino «acrítico»

Agência Ecclesia
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Presidente da APEC lamenta «tentação totalitarista e antidemocrática do Estado»

Fátima, Santarém, 17 jun 2016 (Ecclesia) – O presidente da Associação Portuguesa das Escolas Católicas (APEC) diz que lutar pelo cumprimento dos contratos de associação por parte do Estado é contrariar um modelo de ensino “acrítico” e uma tentativa de “dominar toda a iniciativa da sociedade civil”.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, no âmbito de uma ação de formação para dirigentes de escolas católicas, em Fátima, o padre Querubim Silva lamentou a “tentação totalitarista e “antidemocrática do Estado" que, ao cortar no financiamento aos colégios privados, quer fazer vingar a tese da “pseudoneutralidade” do ensino.

O sacerdote realçou que a “verdadeira autonomia” educativa “só tem sentido se oferecer um quadro formativo e informativo de valores que depois possa fazer com que os alunos, os futuros homens e mulheres, sejam cidadãos proactivos e não meras pessoas que encheram a cabeça de números ou de outras coisas, com tendência robótica”.

“Isto é também um esforço no sentido de ajudar as direções das escolas católicas ou outras a encontrarem uma matriz cultural, de valores, uma identidade como escola alternativa”, acrescentou aquele responsável.

Intitulada “Liberdade de Educação”, a formação desta quinta-feira em Fátima contou com a organização da APEC, em parceria com o Secretariado Nacional da Educação Cristã.

Os participantes tiveram como formadores dois professores da Universidade Católica Portuguesa, João César das Neves, economista, e Joaquim Azevedo, professor catedrático que abordou o tema ‘A impossível neutralidade da Educação e o imperativo da liberdade de aprender e ensinar’.

“As crianças, o que é que elas levam no seu coração para o futuro? E é isso que não estamos a ser capazes de responder, dizendo que a escola é neutra, que a escola estatal é neutra, que a escola privada tem de ser neutra, não pode ser”, apontou o docente.

Joaquim Azevedo recordou que “os direitos à tendência, ao pluralismo, à afirmação diferente estão consagrados na Constituição” e devem ser defendidos “com eficácia, com coerência”.

“Muitas vezes as escolas católicas não o fazem, têm muitas dificuldades derivadas de imposições do Ministério da Educação”, mas elas não se podem deixar dominar pelo “medo”, apontou aquele responsável.

Para Joaquim Azevedo, o caminho está em apostar em “maneiras diferenciadas” de ensino, em “inovar”, em “mudar o software com que se trabalha no dia-a-dia nas escolas, a organização do trabalho, a metodologia, os horários, a forma de ensinar e aprender”.

Todas as escolas “deveriam ter projetos educativos muito claros, a que os pais pudessem aderir e que pudessem ser desenvolvidos para bem das crianças e do seu futuro”.

Caso contrário, estaremos “a formar autómatos e é isso que este mundo que só visa o lucro e a exploração das pessoas quer”, concluiu.

HM/JCP



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