“Un soffio de allegria” – Um sopro de Alegria” é o tema original da actividade internacional em formato de campo de serviço para caminheiros, que se realizará na Roménia, em Agosto e que contará este ano com a cooperação entre três países: Itália (região de Marche – AGESCI ), Roménia (grupo de escuteiros húngaros em Gherla) e Portugal ( elementos de 11 agrupamentos da região de Leiria do CNE ).
O Projecto Roménia é um campo de serviço, organizado pela associação italiana de escuteiros católicos (AGESCI), e tem lugar na pequena cidade romena de Gherla, situada no norte do país, na região da Transilvânia. O projecto começou no Verão de 2004 e terminará em 2006, tendo como campo de acção “trabalhar” durante quatro semanas do mês de Agosto com crianças abandonadas institucionalizadas num Orfanato e no apoio aos trabalhos em curso na “Casa Família Marco Polo” – uma casa onde habitará um pai e uma mãe romenos que acolherão cerca de 8 crianças abandonadas.
Entre 7 a 21 de Agosto, estão na Roménia dois grupos constituídos por caminheiros(as) dos três países envolvidos, que irão dinamizar actividades em conjunto, sob a temática “Uma viagem ao mundo em duas semanas…”.
Os meninos serão convidados a fazer uma viagem imaginária aos Continentes, na primeira semana, onde vestirão a pele de turistas e poderão conhecer costumes e hábitos dos povos do mundo, através de actividades , ateliês, jogos e canções que foram previamente preparados e organizados em conjunto com os escuteiros italianos. Na segunda semana, as crianças serão marinheiros a bordo da Arca de Noé, à descoberta dos Oceanos e em busca dos animais espalhados pelo globo.
O primeiro turno de escuteiros portugueses de Leiria, partiu de avião no dia 5 de Agosto, rumo a Itália, onde se juntará aos escuteiros italianos e, juntos, partirão para a Roménia numa viagem de cerca de 23 horas de autocarro. O segundo turno parte hoje, dia 12 de Agosto, e fará o mesmo trajecto. Esta actividade é autofinanciada por cada participante, tendo cada um empreendido e participado em diversas campanhas de angariação de fundos com esse objectivo.
A ideia de sair do país para participar numa actividade internacional é, por si só, um motivo de excitação para os escuteiros (caminheiros e chefes) que vão integrar este desafio. Sabendo que a Roménia é um país de leste, com um mosaico cultural diversificado, onde predomina a religião ortodoxa, os principais objectivos desta actividade, são a educação para o serviço, o enriquecimento espiritual pela acção do serviço, a ideia de escutismo global, a interculturalidade e o reconhecimento local e contactos com outras religiões.
O abandono infantil é um dos grandes problemas na Roménia, originado pela ditadura de Ceausescu. O legado foi um número demasiado alto de crianças abandonadas à nascença em hospitais e depois acolhidas em orfanatos até aos 18 anos. A falta de meios humanos e tratamentos médicos nestas instituições, inflacionaram os casos de Sida entre os menores, nestas crianças são geralmente visíveis sinais de dificuldades psicomotoras, doenças mentais e comportamentos provocados por desordem afectiva.
Felizmente à Roménia chegaram os ventos da mudança, o Estado Romeno implementou um programa generalizado de progressivo encerramento dos orfanatos, adoptando soluções de distribuição dos menores em pequenas Casas-Família ou em famílias romenas de acolhimento apoiadas pelo Estado com fundos da União Europeia. Este processo está em curso e prevê-se que o problema esteja resolvido até à entrada da Roménia na união Europeia, já em 2007.
A associação “I CARE”, formada também por antigos dirigentes da AGESCI italiana, foi pioneira no apoio a instituições que acolhem crianças abandonadas e crianças de rua na Roménia, em particular na cidade romena de Gherla onde construiu a “Casa Família Marco Polo”, inteiramente subsidiada com fundos da própria associação e trabalho voluntário, é neste cenário que os escuteiros portugueses, italianos e romenos também vão agir, ajudando nos trabalhos em curso.
O convite de participação no Projecto Roménia, feito aos escuteiros portugueses foi aceite com grande entusiasmo, por mais que as línguas romena, húngara e italiana sejam um obstáculo à comunicação. A linguagem universal é sempre um caminho a seguir.
