Nacional

Evitar os pseudo-restauros

Luís Filipe Santos
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Apelos feitos no III Colóquio sobre "A salvaguarda dos bens culturais da Igreja"

As dioceses portuguesas deveriam ter um gabinete de património com técnicos qualificados para “evitar os pseudo-restauros†que, muitas vezes, “fazem perder irremediavelmente obras de arte da Igreja†– disse à Agência ECCLESIA Maria de Fátima Eusébio, da Comissão organizadora do III Colóquio “A salvaguarda dos bens culturais da Igrejaâ€, realizado em Viseu, nos dias 20 e 26 deste mês. E adianta. “uma atitude de prevenção de todos os factores de risco para o patrimónioâ€. Só assim se pode impedir a degradação e “apostar na conservação preventiva†– referiu esta professora da UCP. O “aconselhamento técnico†deveria ser uma prioridade mas tal não acontece em “muitos casosâ€. Uma maneira de evitar os pseudo restauros que – segundo Fátima Eusébio – “são uma constanteâ€. Se estas más recuperações fossem “mediatizadas†eram mais do que os “furtos das obras†– denuncia. Os assaltos de obras de arte são referidos na comunicação social e o enfoque colocado na protecção dos bens culturais da igreja resume-se à “vertente da segurança†contra os “amigos do alheioâ€. Para Fátima Eusébio, os maus restauros são também “uma forma de roubarmos o patrimónioâ€. A igreja é possuidora de 70% a 80% do património nacional, tendo a particularidade de, “para além do seu valor artístico, histórico e cultural, possuir também valor culturalâ€. Um valor incalculável que merece “um aconselhamentoâ€. Essa deveria ser a prática geral mas muitas vezes as recuperações são feitas “ao gosto das populações ou por um habilidoso da terraâ€- alerta a docente. Para alterar a situação a igreja deveria “ter os seus próprios técnicosâ€. Na sua opinião, é fundamental sensibilizar todos os que directa ou indirectamente lidam com o património, nomeadamente os sacerdotes, as comissões fabriqueiras, as irmandades e os zeladores, desde as senhoras da limpeza às floristas, passando pelo sacristão que acende as velas. A investigadora realçou que a Igreja tem bens muito preciosos mas que “são desconhecidosâ€, uma vez que há “poucas dioceses com inventários feitosâ€. Em relação à diocese de Beja a situação é diferente e recebeu palavras elogiosas: “é a timoneira porque está muito avançada em relação às outrasâ€. Beja tem o seu “inventário científico praticamente feito†o que lhe permitiu “dar o salto para outro patamar: várias exposições†– finalizou.


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