Família e escola em projectos educativos interculturais
Escolas onde a língua de Camões não é maioritária não existem muito longe, existem em Portugal. Salas de aula com mais de 10 nacionalidades representadas, começam a constituir-se nas escolas portuguesas.
São consequências das mudanças sócio-culturais que a imigração deixa nos países de acolhimento. Elas tinham começado no período pós-colonial, acentuaram-se agora com a entrada de milhares de imigrantes vindos das culturas do leste europeu.
Sendo enriquecimento para quem acolhe, desafia também à construção de novas propostas, pedagógicas nomeadamente, que ultrapassem modelos que tempos de gerações solidificaram. Há que “sair dos decretos e olhar para a realidade”. A sugestão é de Ruben de Freitas Cabral, que apresentou quatro publicações do Alto Comissariado para as Migrações e Minorias Étnicas, que resultam de investigações na área da inter-culturalidade: “O português Língua do país de acolhimento”, “A cooperação e aprendizagem “, “Ciganos Aquém do Tejo” e “Colaboração Escola – Família, para uma escola culturalmente heterogénea”.
D. Tomaz Silva Nunes é o autor do último destes livros. Fundamentando propostas que faz para a relação escola-família em casos bem sucedidos relatados no livro, o Bispo Auxiliar de Lisboa continua a investigação da sua tese de Mestrado (“Colaboração escola-família. Um estudo comparativo”) para reafirmar a necessidade de participação da escola e da família num projecto integral de educação para adolescentes e jovens, onde a formação académica deve ser acompanhada pela formação de personalidade e pelo encontro de sentido para a vida. No livro publicado pelo ACIME, D. Tomaz Nunes dirige-se fundamentalmente às famílias com filhos em escolas multiculturais. “Há aqui a aposta numa reflexão que conduz a um apelo à participação da famílias nos projectos de escola onde há multiculturalidade”. Em Lisboa, começam a multiplicar-se. Há, por exemplo uma escola do primeiro ciclo onde estão representadas mais de 10 nacionalidades. Propostas para essa participação também fazem parte das páginas deste livro. E elas podem ir desde o necessário encontro com a escola quando ela chama os encarregados de educação, até à participação na definição de projectos educativos para a escola.
Este livro, como os outros 3 publicados pelo ACIME; dirigem-se aos responsáveis pela formação que olham para cada criança como pessoa única portadora de uma identidade que não lhe poderá ser negada pelo facto de estar num país estrangeiro. 4 obras que ajudarão os educadores a uma melhor inclusão do estrangeiro e ajudarão o projecto educativo a ser um projecto intercultural.