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Fátima acolhe Congresso sobre os Santuários e o Sagrado nas tradições religiosas

Octávio Carmo
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Líderes religiosos de vários quadrantes e especialistas em teologia, entre os quais os D. José Policarpo e D. Januário Torgal irão dar vida ao Congresso de Fátima sobre “O lugar dos Santuários na relação com o Sagrado”. Mais de uma centena de participantes acompanharão de 10 a 12 de Outubro uma reflexão sobre o Sagrado, a Idolatria, a Fé e a experiência de diferentes religiões que se insere na lógica de anteriores congressos realizados desde 1992. “A lógica deste Congresso é interna à temática da Mensagem de Fátima, surgindo do terceiro Congresso Internacional, que em 1997 tratou interdisciplinarmente os textos inspiradores da mensagem de Fátima. De aqui emergiram temas muito importantes: o do sacrifício, tratado em 2001, e o da Trindade, que deu origem a este Congresso” revela à Agência ECCLESIA o Pe. Jacinto Farias, presidente da Comissão Científica. Em 20001 o trabalho foi feito numa perspectiva ecuménica, com teólogos de outras confissões cristãs, “mostrando que a temática do sacrifício, apesar de incómoda, faz parte do mistério da cruz e é comum”. Para 2003, a intenção é assumir o tema trinitário, de Deus, numa perspectiva de diálogo inter-religioso. “O evoluir da reflexão sobre o assunto fixou-se nos Santuários como lugar de relação com o Sagrado e é neste sentido que se faz a ligação ao tema”, explica o nosso entrevistado. O aspecto inter-religioso está reservado para o dia de Domingo, com testemunhos do Hinduísmo, Budismo, Islamismo e das Igrejas Ortodoxa, Anglicana e Católica sobre o que é a experiência do Santuário nas diferentes tradições. A iniciativa tem em conta a temática da secularização, do ateísmo e da laicidade. “A experiência religiosa da humanidade está sempre ligada a um Santuário, como memória da matriz religiosa da humanidade, universal. Se se equacionasse a possibilidade de se assistir a uma generalizada secularização, com a desertificação da humanidade, ainda assim as instâncias de resistência da expressão religiosa seriam os Santuários”, assegura o Pe. Jacinto Farias. O presidente da Comissão Científica deste Congresso mostra-se consciente do lugar de destaque que a iniciativa ganhou na produção teológica do nosso país, “mostrando como o fenómeno de Fátima é uma instância que provoca a reflexão teológica” e revela novos desafios, de onde se destacam a criação de uma sociedade mariológica em Portugal “Este Congresso encerra um ciclo, do meu ponto de vista, porque o futuro passará por pequenos colóquios e simpósios. Penso que seja ocasião de pensar numa sociedade mariológica, dado que o nosso é dos poucos países que não a tem”, conclui.


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