Nacional

Fátima rezou pelo Sudão

LeopolDina Reis Simões
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Uma acção concertada de islamização, sem respeito pela liberdade individual e religiosa do povo, uma profunda insegurança, muitas mortes e sofrimento, são algumas das realidades vividas no Sudão, um repto à actuação da comunidade internacional. O alerta pela liberdade foi feito na tarde de 8 de Dezembro, em Fátima pelo bispo católico D. Daniel Marko Kur Adwok, Bispo Auxiliar de Cartum, no Sudão. D. Daniel Adwok relatou, em conferência realizada na Casa de Nossa Senhora das Dores, no Santuário de Fátima, os diversos aspectos da guerra no Sudão, que se arrasta desde 1992, mas que só se tornou internacionalmente conhecida no ano de 2003, através da divulgação feita pela comunicação social internacional. D. Daniel Adwok recordou vários momentos de negociação pela paz, as sucessivas assinaturas dos acordos de paz, e também os sucessivos incumprimentos dos mesmos tratados. Considera o Bispo sudanês que a guerra no Sul do país é diferente da vivida nas zonas mais a Norte, porque os conflitos no norte têm como causa primeira as pressões económicas, devido à existência do petróleo, e também ideológicas. A guerra no sul do Sudão “tem dificuldades acrescidas”, causadas pelo processo de islamização a cargo dos sucessivos governos instalados no poder. O prelado acusa os governos sudaneses de “terem sempre o mesmo manifesto”, com uma “agenda de islamização” que procura, através dos mais diversos meios, erradicar a Igreja Católica no Sudão. Para D. Adwok, que considera que “a comunidade internacional por vezes é ingénua ou fácil de enganar”, se a agenda de islamização tiver sucesso o povo (cristão) não poderá aceder a lugares de decisão económica ou política, e continuarão as perseguições. O Bispo sudanês sublinhou em Fátima que a Conferência Episcopal do Sudão ambiciona uma solução pacífica e negociada para os conflitos e agradeceu aos organismos civis internacionais e também aos da Igreja Católica que prestam apoio às populações. “Não podemos deixar de dar apoio ao povo, de lhes dar aquilo que eles necessitam, eles necessitam de ser livres, de se auto determinarem quanto ao seu futuro e de terem a sua própria terra”, afirmou D. Adwok. D. Daniel Marko Kur Adwok, Bispo Auxiliar de Cartum esteve em Portugal durante esta primeira semana de Dezembro, a convite da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS). O Bispo visitou o Santuário de Fátima pela primeira vez. “Sinto-me o advogado do meu povo, apelo à Virgem pela paz”, disse. As palavras de abertura da conferência de D. Adwok couberam ao Reitor do Santuário de Fátima, Mons. Luciano Guerra. “Pretendo que o Senhor Bispo (D. Adwok) sinta que existe fraternidade cristã e humana, que estamos com os cristãos do Sudão mas não estamos contra os muçulmanos do norte”, afirmou relembrando que “ou as religiões se entendem ou o mundo não é capaz de se entender”. Mons. Luciano Guerra anunciou ainda que o Santuário de Fátima procurará com o Bispo de Leiria-Fátima estudar qual a iniciativa concreta que possa vir a ser feita para ajudar o povo do Sudão. D. Daniel Marko Kur Adwok, Bispo Auxiliar de Cartum, no Sudão, presidiu a 9 de Dezembro (Domingo), no Santuário de Fátima, à Eucaristia Internacional das 11h00.


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