Nacional

Festas religiosas, um tesouro e um desafio

Paulo Gomes
...

As cerca de 600 festas religiosas, das quais metade são marianas, que se realizam no Alto Minho são «um tesouro e um desafio» declarou D. José Pedreira na sessão de encerramento das XVII Jornadas Tetonianas, afirmando que seria um erro tremendo menosprezá-las. O Prelado de Viana do Castelo aproveitou a ocasião para assinalar que é necessária a «disponibilidade dos pastores» para intensificar a «recepção dos sacramentos», nomeadamente o da reconciliação e da Eucaristia», assim como uma «oferta mais alargada da Palavra de Deus» dado que se tem verificado um «desapego» quer pela Eucaristia quer pela pregação. Outro desafio lançado por D. José Pedreira prende-se com a «preparação dos fiéis que integram as mordomias ou comissões de festas». Trata-se de um trabalho de evangelização de modo que abrisse as pessoas à colaboração, a fim de que as orientações da Igreja possam ser respeitadas. O Bispo de Viana do Castelo quer ainda ver reforçada nas festas a sua componente de criatividade e alegria, para que estas possam ser muito mais um espaço de «convívio familiar e inter-famílias», dando um novo significado a esta dimensão de tempo livre e de descontracção. Estas propostas do prelado vianense seguiram-se a um conjunto de sugestões para «evangelizar as festas e pelas festas» deixados pelo Bispo de Santarém que, apesar de reconhecer muitas contradições nas romarias e na sua vivência, tem uma visão muito positiva acerca dos valores que as festas encerram. D. Manuel Pelino salientou que as festas continuam a ser «fonte de evangelização», referindo que as festas dos padroeiros contêm muitos sinais e símbolos religiosos que, se celebrados com qualidade e dignidade, «podem ser anúncio da dimensão transcendente das vida» e da «misericórdia de Deus e dos Santos». Por outro lado, o Bispo escalabitano vê as festas como espaço de «encontro da fé com a cultura», apontando que, ao longo dos séculos, promoveram a «criação de expressões culturais de grande riqueza», que hoje constituem um «património cultural». «Promovendo a cultura, a Igreja prepara a evangelização», concluiu. Numa época de laicização, na qual muitos gostariam de confinar a vivência do cristianismo ao templo, a festa traduz-se na presença da Igreja nesta sociedade secular, aparecendo, muitas vezes, a procissão pelas ruas desta cidade secular como única manifestação pública de fé. A procissão que passa, explicou é a manifestação desta comunidade «portadora de esperança» no eterno e «conservadora» de uma cultura transcendente que «desperta para as realidades invisíveis da fé e aviva a memória cristã da aliança com Deus». Da constatação de que hoje temos «mais peregrinos do que participantes da Eucaristia», D. Manuel Pelino voltou a acentuar a centralidade da missa, como foi timbre toda a semana, por forma a que esta se torne no «pólo» que confere «fundamento, unidade e sentido» a todos os momentos das festas. «Os vários elementos da festa – alertou o prelado – devem aparecer como expressões de uma cultura eucarística». Paulo Gomes/Diário do Minho


Religiosidade Popular