Festejos de passagem de ano são sinal de que «a crise é só para alguns», diz bispo de Beja
D. António Vitalino lamenta que desejos para 2011 tenham menosprezado «valores culturais» e «espirituais»
Lisboa, 04 Jan (Ecclesia) – O bispo de Beja, D. António Vitalino, considera que as festas que assinalaram a passagem de ano parecem querer “iludir a realidade” ou são sinal de que “a crise é só para alguns”.
“Fala-se de crise, que alguns já começaram a sentir na sua pele e a muitos outros irá bater à sua porta, mas os festejos de fim de ano, que aconteceram pelo mundo fora, deixaram a ideia do contrário”, escreve o prelado na nota semanal para a Rádio Pax enviada à Agência ECCLESIA.
D. António Vitalino lamenta que muitos dos votos para 2011 se tenham centrado em desejos de “saúde, paz, felicidade, dinheiro”, enquanto que “muito poucos mencionavam valores culturais e ainda menos espirituais, deixando a impressão de que a felicidade e o bem-estar depende apenas do corpo, da matéria”.
“Deus, a vida eterna, a doação aos outros por amor, a amizade, a gratuidade, a oração” não fazem parte dos projectos de vida das pessoas, refere o bispo de Beja, salientando que foi “o desrespeito pelos valores, pela moral nas relações económicas entre as pessoas, as culturas e os povos, que lançou o mundo na presente crise”.
Para o prelado, a ausência de “referências espirituais, religiosas e morais” inviabiliza “um desenvolvimento integral da pessoa humana e da instituição básica da sociedade, que é a família”, pelo que “são vãos os desejos formulados pela maioria das pessoas”.
Segundo D. António Vitalino, o aprofundamento dos “valores espirituais” contribuirá para resistir ao “sofrimento” que a crise pode provocar na “personalidade”, pelo que deixa votos de “muita fé, apesar das desilusões de promessas sem cumprimento”.
O prelado pretende que a “qualidade” da “humanidade” cresça em 2011 e que o novo ano seja marcado por “um amor gratuito e atento aos mais débeis, sem ficar à espera de retribuição”.
RM
Diocese de Beja