Defendeu Luis Machado de Abreu em relação ao Pe. Manuel Antunes
“Há na teoria da cultura de Manuel Antunes uma marca de universalidade e de intemporalidade que, sem nunca se alhear da realidade do país nem a desvalorizar, lhe confere perfil singular no conjunto dos pensadores e historiadores da cultura portuguesa” – defendeu Luis Machado de Abreu, professor da Universidade deAveiro, no Congresso Internacional “Padre Manuel Antunes – Interfaces da Cultura Portuguesa e Europeia”, a decorrer na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Ao fazer referência à obra deste sacerdote jesuíta, falecido em 1985, o conferencista salienta que há “uma nota eminentemente teológica “que a atravessa. “Há nela tão sábia economia na invocação do nome de Deus que dir-se-ia contaminada de iconoclasmo” De facto, se exceptuarmos os escritos de religião, teologia e espiritualidade que “preencherão apenas um volume da Obra Completa, volume que não será seguramente dos mais extensos, verificamos que nos demais, não havendo propriamente ausência, prevalece o silêncio” – refere o autor da conferência “A Cultura sob o ponto de vista da Filosofia” .
Ao situar o homem como pessoa em perspectiva “ontológica e universal”, o Pe. Manuel Antunes executou “um projecto de cultura em que se dá visibilidade a alguma ruptura e a muito ideal e profecia. Rejeita sem ambiguidades o narcisismo, o espírito de ortodoxia e de apologética, o mercantilismo” – finalizou.