Numa iniciativa inédita, duzentos alunos finalistas do 12º ano da Escola Secundária de Amarante marcaram a sua despedida, com a bênção das faixas, integrada numa celebração eucarística, na Igreja de São Gonçalo, no passado sábado, dia 22 de Maio. Nela participaram também os professores, pais, familiares e amigos dos alunos. Deste modo, os finalistas corresponderam inteira e positivamente ao apelo do seu professor de Educação Moral, António Madureira, que os desafiara a marcar a despedida, com um gesto de bênção, de louvor e de acção de graças.
Para alguns dos momentos da celebração, como o acto penitencial e as preces da oração dos fiéis, os próprios alunos contribuíram com uma «confissão» assumida e personalizada das suas faltas, exprimindo com igual franqueza os seus desejos e votos para o futuro.
Na Homilia, o Pároco de São Gonçalo, Pe. Amaro Gonçalo, convidou os finalistas a olhar para o rosto de Jesus, «Reparai como Jesus parte para ficar, de um modo novo. E como eles ficam para partir, na sua vez. A Ascensão de Jesus mostra-nos quanto o Mestre acredita e confia naqueles a quem ensinou e preparou durante três anos para a missão. É da parte de Jesus um acto de confiança. E da parte dos discípulos o assumir de uma responsabilidade nova». Ter um ideal alto, servir com competência e abrir-se ao dom da sabedoria, foram desafios lançados aos jovens, como patamar da construção de um futuro diferente, para o qual obviamente a fé de cada um não é um dado irrelevante.
A celebração, bastante colorida, graças à diversidade de cores das várias turmas, teve alguns momentos mais emotivos, como a aclamação ao evangelho, acompanhada do agitar das respectivas faixas. No momento da bênção, esse mesmo gesto correspondia à aspersão da água e sintonizava com o espírito do cântico, em forma de cânone: «Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós».
Era intenção do professor de Moral e da Paróquia que esta celebração marcasse os alunos, sobretudo pela oferta e pela experiência da beleza. A elegância das vestes, a expressividade dos gestos, a envolvência da música, a oportunidade das palavras proferidas, configuraram esta celebração como um momento muito forte e muito denso de partilha de sentimentos e de expressão da fé.
Depois da Comunhão, o professor de EMRC dirigiu aos alunos palavras de grande confiança, situando-se na linha e na atitude de Jesus, que acreditou nos discípulos que formara. Disse mesmo imaginar e sentir o mesmo que Jesus e os discípulos na hora da sua despedida. «O abraço da despedida destina-se a não deter o vosso futuro nas minhas mãos. E assim confiá-lo finalmente às vossas, nas mãos de Deus. É por isso que há abraços de alegria e também há abraços em que receamos a hora em que teremos de nos separar»,disse. Um belíssimo testemunho de fé, que terminaria com estas palavras: «Parti corajosamente para a vida. E voltai sempre, onde quer que nos encontremos, com grande alegria. A minha alegria é saber que vós, os meus “filhos”, caminhais na verdade. Não vos peço nem vos desejo mais do que isto. Onde estiverdes, sabei que aí estará também o meu coração».
A assembleia corroborou estas palavras, com um fortíssimo aplauso ao professor, a quem se deve, mais do que a qualquer outro, a efeméride, no que teve de singular, de ousado e de profético para a Cidade.
Apesar da enorme “chuvada” no final de celebração, o Largo de São Gonçalo, (agora mais «largo» e requalificado), foi pequeno para um gesto que estava previsto inicialmente para o momento da Paz, mas que teve de ser feito «extra muros», dada a dificuldade de movimento dentro de uma Igreja tão repleta de pessoas. Os alunos, num gesto de gratidão e reconhecimento, entregaram a seus pais uma flor.
Daí partiram para o jantar que viria a concluir com o Baile e a entrega do Livro de Finalistas. Com esta celebração, foi dado um sentido superior à etapa da vida destes jovens que amanhã e já agora começa.