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Funchal assinalou dedicação da Catedral

Jornal da Madeira
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Os 489 anos da dedicação da Sé do Funchal foram ontem assinalados, naquele templo, com a celebração da Eucaristia, presidida por D. Teodoro de Faria e concelebrada por vários sacerdotes. A homilia do Bispo do Funchal centrou-se na importância da liturgia na vida dos cristãos, começando por referir que «a solenidade da dedicação da Catedral é o momento oportuno, para recordar a Constituição sobre a Santa Liturgia, da qual celebramos agora o 41.º aniversário». O Ano da Eucaristia, cujo encerramento vai ter lugar no próximo Domingo, em Roma, com o final do Sínodo dos Bispos, motivou também a reflexão de D. Teodoro de Faria, o qual considerou que «o Ano da Eucaristia foi ocasião para a nossa Diocese aprofundar e celebrar o mistério central da nossa fé, orientando os fiéis para uma maior frequência e vivência da Santa Missa e à adoração litúrgica». »A Catedral é o lugar privilegiado das celebrações episcopais e deve, segundo o Concílio, ser uma especial manifestação da Igreja na participação plena e activa de todo o povo de Deus na Eucaristia», frisou. Referindo-se ainda àquele documento conciliar, o prelado funchalense sublinhou que «a nobre beleza que nos pede o Concílio abrange uma diversidade que engloba os livros litúrgicos, a riqueza dos textos bíblicos, as línguas vivas, a arquitectura, a adaptação à cultura actual, a expressão de uma Igreja que é comunidade orante, e considera a diversidade permitida pelas rubricas não um elemento negativo mas enriquecimento da unidade». E a este propósito questionou: «Qual é o fundamento da beleza da liturgia? Será, porventura, ir ao encontro dos gostos e modas dos participantes? A liturgia, antes de tudo, é obra de Deus, adoração, acolhimento da graça divina, gratuidade de oferta. A beleza da liturgia não é do género do consumo, como várias vezes acontece com a ornamentação exagerada nos matrimónios e festas dos padroeiros. Não podemos aplicar à liturgia os gostos profanos do belo e do dispendioso». E acrescentou, depois, que «os nossos gestos na liturgia são importantes, porque são os gestos de Jesus que a Igreja prolonga e actualiza. Os gestos litúrgicos têm uma beleza e dignidade que lhe são próprios, porque são gestos de Cristo, antes de qualquer beleza secundária que nós possamos ajuntar como as flores, círios, paramentos, incenso etc.». Continuando a acentuar a importância dos gestos na Liturgia, D. Teodoro de Faria sublinhou que «a decoração da Igreja, a dignidade da toalha, a iluminação, os gestos dos celebrantes e do povo, o coro musical, tudo serve para sublinhar esta beleza, mas a grande beleza do acto eucarístico é o gesto do amor de Cristo que, em obediência a Deus Pai, dá a sua vida para nossa salvação». O Bispo do Fuchal referiu ainda que «a bela liturgia não depende, antes de tudo, da arte, das imagens, das talhas douradas, mas do amor que se manifesta no mistério pascal. Através dos gestos, das palavras e as orações da liturgia devemos reproduzir e tornar transparentes os gestos, as orações e as palavras do Senhor». «A beleza das celebrações eucarísticas e das nossas festas não se mede apenas pela precisão e escrúpulo com que aderimos às rubricas e prescrições da Igreja, mas principalmente pela capacidade de produzir nas nossas comunidades eucarísticas frutos de acolhimento da Palavra de Deus, de comunhão e fraternidade, de perdão e vida missionária», acrescentou. Referindo-se à Catedral funchalense, D. Teodoro de Faria acentuou que «para a beleza da liturgia concorre também o valioso monumento arquitectónico da Sé, que tem necessidade de cuidados especiais e reparações contínuas. Felizmente que a cooperação entre a Igreja e a autoridade civil tem permitido a sua conservação, de forma que o templo continua a cumprir a sua missão espiritual e cultural». Sílvio Mendes


Diocese do Funchal