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Funchal lembrou D. David de Sousa

Silvio Mendes
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A Diocese do Funchal prestou, ontem, homenagem póstuma ao seu antigo bispo, D. David de Sousa, falecido domingo em Lisboa. Na Sé local, D. Teodoro de Faria presidiu à Eucaristia participada pelo Cabido e por diversos sacerdotes diocesanos e Franciscanos, Congregação à qual pertencia o prelado falecido. De salientar que esta concelebração eucarística ocorreu à mesma hora em que se realizavam as cerimónias fúnebres na Sé de Évora, onde D. David de Sousa foi Arcebispo. Na homilia da Eucaristia, D. Teodoro de Faria enalteceu as qualidades humanas e espirituais de D. David de Sousa, salientando que «sendo necessário separar os cursos de Teologia e escola secundária no Seminário, tomou a iniciativa de comprar o hotel Bela Vista em 1958, sendo obrigado para isso a esvaziar as pequenas economias da Diocese, do Cabido e pedir ajuda às paróquias que colaboraram durante vários anos». O futuro veio demonstrar como a secularizaçao obrigou a tomar medidas diferentes. Mandou formar diversos sacerdotes em Roma e universidades estatais, e foi com grande tristeza que teve conhecimento de alguns deles terem abandonado o sacerdócio. Procurou ser pai bondoso para com os sacerdotes, mas lamentou ser maltratado e difamado por alguns deles, alguns que agora o louvam. A história repete-se, desde os tempos de Cristo até hoje. Relevando o trabalho que D. David de Sousa empreendeu nesta diocese com o estudo e divisão das paróquias, criando 50 que foram desmembradas das 52 já existentes, D. Teodoro de Faria recordou que «a necessidade criada com a construção das novas Igrejas ainda não terminou, mas teve o condão de dotar a diocese com uma rede de edifícios modernos e adaptados a nova pastoral. D. David não teve a felicidade de as visitar mas interrogava-me sobre elas. Dedicou a Igreja do Campanário e colocou nove primeiras pedras para construções futuras. Os problemas que surgiram com as divisões das paróquias e incompreensões de alguns membros do Clero, foram uma coroa de espinhos que o atormentaram até deixar a diocese». Depois de salientar algumas das principais actividades apostólicas que D. David de Sousa exerceu nos oito anos em que foi bispo do Funchal (de 1957 a 1965), D. Teodoro de Faria sublinhou que «com humildade e simplicidade franciscana, D. David viveu os seus últimos anos numa total disponibilidade aos pequenos serviços que transformam a vida em felicidade. Hoje a vida alonga-se de tal forma que se alguém morre por volta dos setenta anos, até se diz que «era jovem»! Podemos dizer o mesmo de D. David, embora ele morresse com uma idade patriarcal. Teve a felicidade de uma velhice abençoada por Deus, com qualidade de vida, não só biológica, mas humana, espiritual, em harmonia com Deus e os homens, esperando a irmã morte». E terminou a sua homilia pedindo a Deus «que faça participante da sua felicidade o nosso saudoso Bispo, que ele seja saciado na Paz de Cristo, com Maria, mãe de Jesus, com S. Francisco e a irmã Santa Clara, com todos os santos do Paraíso». Na passada terça-feira, na igreja do Seminário da Luz, o cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, presidiu à missa exequial, seguindo-se a transladação dos restos mortais de D. David de Sousa para a Catedral de Évora, onde o bispo emérito do Algarve, D. Manuel Madureira Dias, presidiu ao canto de vésperas. Ontem, o arcebispo de Évora, D. Maurílio de Gouveia, que substituiu no cargo D. David de Sousa, presidiu às exéquias na Sé, a que se seguiu o cortejo fúnebre para o cemitério dos Remédios, onde o corpo ficará provisoriamente sepultado até que o túmulo esteja concluído na catedral eborense. Sílvio Mendes - Jornal da Madeira


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